domingo, 21 de novembro de 2010

Memórias da profissão – Votos fugidios

Havia um coronel da Polícia Militar muito famoso, em Mato Grosso do Sul, Adib Massad. Para ele, não tinha bandido bom. Era muito duro no combate aos criminosos, o que ajudou a construir a sua fama. Casos complicados? Chamem o Adib, ele resolve tudo. Às vezes, diziam, utilizando-se de métodos nada convencionais. Mas resolvia.

Enquanto esteve no comando do temido GOF – Grupo de Operações de Fronteira, reinava a segurança para uns e o temor para outros. E ele ficou lá por um longo período, ao mesmo tempo, fazendo baixar os índices de roubo, contrabando e tráfico de drogas e, com toda certeza, reduzindo o número de bandidos também. Por muitos anos, naquela faixa de Fronteira entre o Brasil e o Paraguai, o coronel foi a lei.

Convivi bem perto dele durante uma semana. Coronel Adib foi escalado para resolver um seqüestro que comoveu a população. Um menino de quatro ou cinco anos, Paulinho, filho de um médico muito querido, que depois viria a ser eleito prefeito da cidade de Cassilândia, passou quase sete dias nas mãos de um grupo de seqüestradores.

Eu era repórter da TV Morena, afiliada da Rede Globo, e fui destacado para cobrir o caso. A comoção pelo seqüestro era tão grande que o governador à época determinou ao secretário de Segurança que transferisse a Secretaria para Cassilândia enquanto as investigações durassem. Sete dias depois de iniciada a caça aos seqüestradores, Paulinho foi solto, são e salvo e os bandidos presos. Nós, jornalistas, conhecemos melhor o coronel Adib sua fama e seus métodos.

Tempos mais tarde, de tão famoso na região, o coronel resolveu disputar o cargo de vereador, em Dourados. Foi uma missãodifícil. Certa vez, depois de passar o dia em campanha, o coronel resolveu fechar os trabalhos fazendo uma última parada num boteco de beira de estrada, onde um grupo de homens bebia e jogava bilhar.

A imagem do coronel assustava qualquer que fosse a circunstância. Tinha um olho vazado, conseqüência de um tiroteio em que só ele sobrou pra contar a história. O coronel desceu do carro e parou na porta do bar. Um frio subiu a espinha dos que estavam presente. Ele não disse nada e começou a apontar com o dedo, contando em voz alta como quem confirmasse o número de pessoas ali. Havia sete homens, contando o dono do bar.

Adib deu meia volta e foi correndo em direção ao carro. Retornou com sete bonés e sete camisetas nos braços. Mas não encontrou viva alma no boteco. Não houve sequer um corajoso para esperar pela volta do coronel para descobrir o que ele queria. Vai que não fosse para distribuir brindes de campanha?

Mesmo enfrentando esse tipo de dificuldade, naquele ano, o coronel Adib foi venceu a eleição como o vereador mais votado de Dourados.

10 comentários:

  1. Um homem de grandes historias na regiao de fronteira Brasil/Paraguay,porem estes causos estao um pouco distorcidos,se quiser saber mais tem um livro sobre a vida dele do escritor guimarães rocha. Parabens pela postagem

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  2. Este Coronel faz muita falta para nossa região ,dificilmente teremos um parecido como ele!!

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  3. Olás Maranhão! Tudo bom? Excelente post!

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  4. Caro Maranhão,
    Que bom trazer a tona esse período de nossa história, Uma historia vivida por muitos em nossa região.

    Pois seu relato nos remete aos idos das décadas de 80 e 90, onde o coronel Adib conseguiu trazer um pouco de paz para os moradores da região.

    Uma justa homenagem ao grande e brilhante militar da nossa força.
    Um grande Abraço.

    Argemiro C. Almeida – Professor e Bacharel em Direito

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  5. aoooow tio adib faz falta nessa cidade ... a historia do boteco e uma das kkkkk esse cara fez por cumprir seu dever de policial

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  6. Ví e viví esse momento em Dourados. Foi bom.

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  7. ME RECORDO NESSA ÉPOCA EU RESIDIA EM DOURADOS.

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  8. MUITO BEM LEMBRADO NOS SULMATOGROSSENSES TEMOS ORGULHO DESSAS MEMORIAS

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