quinta-feira, 29 de maio de 2014

Transpiração

Às vezes, a vida nos dá a música. O que a gente faz com ela? Depende de inspiração. 10%. Os outros 90% a gente sua. E sai cada coisa linda!!!!!!!

domingo, 25 de maio de 2014

Short cuts do fim do dia

Os cabelos brancos

Érica Ceolin tem cabelos brancos. É alta, magra e tem cabelos brancos. É alta, magra, tem cabelos brancos e é avó de quatro netos. Sim, ela é tudo isso.  E os cabelos brancos de Érica não condizem com o padrão de avó a que estamos acostumados a ver. Érica é o que a literatura convencionou tratar de "uma mulher à frente de seu tempo".

Eu trabalhei com Érica na TV Senado. Eu sai. Ela ficou. Mas o tempo de nossas reuniões de pauta é maior do que nós dois juntos. Esta semana, encontrei com ela. Almoçamos e tomamos vinho. Érica tem os sapatos mais lindos que já vi na vida. Junto deles, um sorriso que paga qualquer ingresso e uma inteligência e uma coragem que dão inveja a qualquer revolucionariozinho de meia pataca.  

Flora levou

Florência dos Santos,
nossa eterna Flora. 
Lá em casa havia uma negrona que era dona do meu coração, aliás, do coração de todo mundo. Florência dos Santos, nossa Flora, chegou pra trabalhar conosco três dias depois do Gabriel nascer. E ficou por lá uns doze anos. Saiu contra a nossa vontade. Antes de sair, cuidou da gente como quem cuida da própria alma.

Flora mandava na gente e a gente gostava. Um dia, cheguei em casa e ela tentava pegar algo no ponto mais alto do armário da cozinha. Não alcançava. Entrei em cena e sugeri um banquinho para lhe aumentar a altura. Ela gostou. Subiu e eu fiquei embaixo segurando as pernas da Flora (que pernas tinha aquela negrona) e o banco. De repente, ela larga o objeto do desejo e olha pra mim, de cima pra baixo. "Maranhão! Tem um cabelo branco aqui." Mal disse isso e segurou firme o único fio de cabelo branco que nascia na minha vasta cabeleira. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela enroscou o fio nos dedos e o arrancou. "Isso não fica bem na sua cabeça, você é muito jovem", disse, olhando fixamente para o fio branco arrancado.

Nunca tive tanta vontade de matar a Flora. Mas ela mandava na gente. Ficou por isso. Fiquei sem o fio branco e com o orgulho ferido, por um bom tempo. Ela não faz ideia do significado daquele fio branco em mim.

Graça, de graça

Graça e o seu melhor tradutor de inglês. 
Graça de Matos não tem os cabelos brancos. Porque pinta (tenho certeza).  Mas ela não confessa. Típico dela. Graça é das pessoas mais queridas que eu conheci em Brasília. É antiga por aqui. Desconfio que chegou antes de Juscelino. Corre à boca pequena, que ela trabalha há tanto tempo em televisão que foi a responsável pela edição do VT da Santa Ceia.

Na TV Senado, ela sentava ao meu lado e tinha fama de mau. Todo mundo tinha medo dela. Era mandona (e continua, onde quer que esteja). Mas tem um coração enorme (quase do tamanho do cartão de crédito do Gerson, marido dela e meu compadre).

Graça fala muito bem o português. Mas, tirou daí, não sai mais nada. Língua estrangeira, zero. Como muitos dos sites de compra estão em outra língua, ela vivia pedindo ajuda. Um dia, eu trabalhava um texto, enquanto ela fuçava um site americano de compras. Encontrou uma lareira (sempre encontrava coisas assim, das quais não podia viver sem).

Ficou desesperada porque queria comprá-la. Perguntou em voz alta e num tom dramático "como se escrevia lareira em inglês?" Eu, sem tirar os olhos do teclado, americanizei um "lowreira" e ela danou-se a escrever. Dedos ligeiros no teclado, até que se deu conta da minha molecagem. Quase apanhei naquele dia. Graça, não se emenda. É uma graça. Odeia quando eu sacaneio com ela, mas não vive sem mim.  

 

No voy a ser Yo

Kevin Johansen 

El que se quede sin dar el paso, no voy a ser yo

Quien se canse de tus abrazos, no voy a ser yo


No voy a ser yo, no voy a ser yo

No voy a ser yo, no voy a ser yo

Tengo tiempo y tengo paciencia, y sobre todo

Te quiero dentro de mi existencia de cualquier modo,

Y aunque falte tal vez bastante, no voy a ser yo

El que se canse antes, no voy a ser yo


No voy a ser yo, no voy a ser yo

No voy a ser yo, no voy a ser yo

Hay gente que no debería enamorarse

Algunos no deberíamos dar el sí

Yo no veo otra salida, no quiero pasar la vida

Sin que la vida pase a través de mí...

Y aunque me pierda completamente, no voy a ser yo

Quien se esconda de lo que siente, no voy a ser yo

No voy a pisar el freno, no voy a ser yo

El que se ande con más o menos, no voy a ser yo

No voy a ser yo, no voy a ser yo

No voy a ser yo, no voy a ser yo

Hay gente que no debería involucrarse

Con cosas que luego no pueden manejar

Yo no veo otra salida, no quiero pasar la vida,

Pisando una piedra y volviéndola a pisar...

Hay gente que no debería enamorarse

Algunos no deberíamos dar el sí (quiero)

Yo no veo otra salida, no quiero pasar la vida

Sin que la vida pase a través de mí...

Si querés un Principe Azulado, no voy a ser yo,

Si querés un Bangundangunladu, no voy a ser yo

Y aunque me pierda completamente, no voy a ser yo

Quien se esconda de lo que siente, no voy a ser yo

no voy a ser yo

no voy a ser yo

no voy a ser yo

no voy a ser yo

quinta-feira, 22 de maio de 2014

La La La (Brazil 2014)

Esse sim. Dez a zero no da FIFA. E ainda com Shakira…, sem comentários!

terça-feira, 20 de maio de 2014

Velhos amigos

Paulo Simões e o sonho dos velhos amigos. 
Ontem sonhei um sonho de poeta-cantador. No meu sonho, havia um palco e nele, Paulinho Simões me chamava pra cantar. Era um sonho em preto e branco, mas sonho de poesia. Sonho musical.

Acho que esse sonho tem a ver com o fato de eu ter acabado de escrever o texto de abertura do livro que o músico e jornalista Rodrigo Teixeira está lançando sobre o movimento “Prata da Casa”. O livro conta a história desse momento ímpar, que impulsionou o surgimento de uma geração inteira de novos cantores, compositores e poetas sul-matogrossenses, no início da década de 80.  

Almir Sater e Paulinho Simões
Acho, também, que é a minha saudade dos velhos amigos se manifestando, inconscientemente. “Velhos amigos” alias é justo o nome da música que Paulinho me  convidava a cantar com ele, no sonho. Acordei pensando na letra escrita por ele, em parceria com o Almir Sater.  Acordei pensando em tanta gente... Que nem parecia ser segunda-feira.

Velhos Amigos
Quando se encontram
Trocam notícias
E recordações
Bebem cerveja
No bar de costume
E cantam em voz rouca
Antigas canções

Os velhos amigos
Quase nunca se perdem
Se guardam para
Certas ocasiões

Velhos amigos
Só rejuvenescem
Lembrando loucuras
De outros verões
E brindam alegres
Seus vivos e mortos
E acabam a noite
Com novas canções

Conhecem o perigo
Mas fazem de conta
Que o tempo não ronda
Mais seus corações

segunda-feira, 19 de maio de 2014

A imagem do Zé

A imagem do Zé, o susto e a tristeza de segunda. 

Abro o jornal e levo um susto. Na sessão "Obituário" do Correio Braziliense, a manchete em letras garrafais me tira o sossego: José Rosa, 56 anos, fotógrafo. 

Custo a acreditar, mas é o Zé do "FotoLata". O Zé meu amigo, da casa do Maurinho Di Deus. O Zé dos domingos de boa conversa. O Zé, mágico da imagem, o fazedor de sonhos fotográficos de meninos e meninas das escolas de Brasília.

Sim. É ele.

Corro pro telefone e ligo pro Maurinho, que confirma a notícia. Peço alguma explicação e ele resume: Barbeiragem médica. Gleice e os meninos estão inconsoláveis. Vou dar um jeito e levar a ela o meu abraço.

Do Zé e do seu FotoLata já falei aqui no Blog, várias vezes. Uma delas, aqui. Em outra, mais recentemente, quando ele também foi página do Correio. O Zé, meu amigo, nesse jogo de luz e sombra que costumamos chamar de vida, virou imagem. Uma imagem que não vai sair das nossas mentes e que vai fazer muita falta na nossa "lata" do dia-a-dia.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Para sempre, Jair


Eu não tive tempo de escrever nada aqui sobre a ida do Jair Rodrigues. Não foi descuido, não. Acho mesmo que eu não andava com fôlego pra escrever sobre tanta coisa triste que rolou nesses dias. Um dia antes, o Lizoel Costa já tinha ido e eu creio que a dor da despedida precisa mesmo ser dosada.

Agora há pouco, vi uma mensagem do Silvestre Gorgulho falando sobre a reportagem do Fantástico, programa dominical da Rede Globo, que levou ao ar um relato emocionante sobre o último show dele e sobre as coincidências da vida.

Jair e Elis, eternos amigos. 
No show, Jair é o Jair de sempre. Brincalhão, leve, divertido… A uma certa altura do show, ele pega pelas mãos uma Elis Regina imaginária e conversa com ela. Depois, ao despedir-se dela, deseja que ela vá com Deus e diz que quer ficar mais um pouco por aqui. Era o jeito dele, brincando com a vida, sem saber que dois dias depois daquele show partiria também.

Ao final da reportagem, os filhos de Jair, Luciana Melo e Jairzinho falam, emocionados, sobre o pai. E cantam um trecho da canção que Jairzinho fez pra se despedir dele. Uma canção sobre o sorriso. Uma canção verdadeira e intensa, como só poderia ser.

domingo, 11 de maio de 2014

Tive Razão

Pra fechar o domingo.
Tive Razão. Seu Jorge.

Em nome das mães

Isabel, minha mãe, e seu canteiro florido.
Porque hoje é dia dela. 

Manhã de domingo ensolarado.
Dia das mães.
Lembro de Isabel, a minha.

Há uns dias ela veio aqui em casa.
Jantou com a gente.
Conversou, sorriu, brincou.

A uma determinada altura, me surpreendeu com um abraço quente,
como havia muito eu não tinha. Abraço de mãe. Desses que quando a gente
dá, dois viram um só.

Assim foi.

Hoje, dia das mães abraço Isabel em nome de todas elas, de todas as mães do mundo.

Um beijo, mãe. E feliz dia, cheio de abraços quentes,
como aquele que nos demos dia desses.
Pode um bis?

Selfie de filho e mãe.  


quinta-feira, 8 de maio de 2014

A última do Lili

Acordo com a sensação de nem ter dormido.
Acordo pensando no Lizoel Costa.

Percorro a página do Facebook dele.
Reencontro velhos amigos tristes como eu.
Aciono a barra de rolagem e não me canso de ler.
Quanto carinho e lembrança  desse camarada.


Vou em busca da sua última tirada.
Encontro.

É a cara dele:

quarta-feira, 7 de maio de 2014

"Lili" sai de cena

Lizoel Costa
E então, eu pus o pé em casa e o telefone tocou.
Era meu compadre Odacil Cânepa.
Estranhei. Odacil não liga assim, nesse horário.

Do outro lado da linha, voz endurecida, ele me pergunta: "E ai, compadre, soube do Lizoel Costa?"
Eu não sabia. Havia pouco, o Lili nos deixara.
Sentei-me para ouvir sem saber o quê falar.
Um aneurisma.
Tá no facebook, faz pouco tempo.

E então, o dia que eu imaginava acabado, me disse - ainda não.

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Lizoel Costa
Lizoel Costa era mais que um amigo. Dele, contei muitas histórias aqui no blog. Uma das mais saborosas, ele viveu com a Mariana, minha filha, quando ela não tinha mais que os seus cinco anos.
O link está aqui, click para ler e aproveite para assistir também o Lizoel, no "Língua de Trapo", destruindo uma guitarra novinha, na final do Festival dos Festivais, na TV Globo.

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Lizoel Costa
Tempos atrás, quando ele ainda estava aqui em Brasília,
adquiriu o hábito de postar tiradinhas mais do que bem humoradas
na internet.
Um dia  liguei pra ele e combinamos de fazer uma coluna semanal
aqui no blog, que se chamaria "As tiradas do Lili".
O projeto não andou.
Lili retirou-se antes.

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Vai, Lili, em paz.
E dê um beijo na Margot, por mim.
E olhem por nós.
E divirtam-se, onde quer que estejam.

sábado, 3 de maio de 2014

A noite

Eduardo Galeano



1
Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se eu pudesse, diria a ela que fosse embora; mas tenho uma mulher atravessada em minha garganta.

2
Arranque-me, senhora, as roupas e as dúvidas. Dispa-me, dispa-me.

3
Eu adormeço às margens de uma mulher: eu adormeço às margens de um abismo.

4
Solto-me do abraço, saio às ruas. No céu, já clareando, desenha-se, infinita, a lua. A lua tem duas noites de idade. Eu, uma.

Baixou um Nei em mim. Lisboa.

Pra te lembrar.

Telhados de Paris

Depois da chuva.

No Quartier Latin, jurando não morrer antes de voltar lá. 
Um dia, bem lá atrás, conheci essa música.
Estava em Porto Alegre. Depois da Chuva.

Porto tem dessas coisas. Provoca na gente uma alegria e uma vontade de entristecer incontroláveis. Uma ambivalência absurda. Principalmente nos fins de tarde, na beira do Guaíba, ouvindo Vitor Ramil.

Nesse dia, eu caminhava de volta do Bom Fim, quando ouvi essa música. Nem sabia quem cantava. Mas me apaixonei por ela imediatamente. Pelo vigor, pelo francês misturado, pelo compromisso de não morrer. Morrer ali seria um insulto.

A cidade meio cinza, meio frio, meio promessa, devassidão. Meio pressuposto, meio pesadelo. E eu, lá. Consciente de que não dava pra morrer ali, nem de alegria, nem de tristeza. Nem por um surto.

Desde esse dia, passei a prestar mais atenção nas músicas de Bebeto Nunes Alves. Um louco são. Um visionário. Um intrépido menestrel urbano, tradutor das coisas portenhas. E então ele entrou na minha playlist, definitivamente.

Quando caminhei nas ruas do Quartier Latin, em Paris, lembrei de Bebeto e jurei não morrer ali, antes de voltar umas quantas vezes.

Mais tarde, vim a saber que Bebeto, por essas ironias que a vida traz, vem a ser o pai da Mel Lisboa. Mas isso, é outra história. Que eu espero contar, um dia, antes de morrer.

Roxanne!

Um clássico do rock inglês. Porque eu gosto. Pronto. Roxanne! The Police. Porque agora ainda é sábado. 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Almas gêmeas

É claro que passando um desodorante a gente não resolve tudo. Mas o filme é bom e a trilha, melhor ainda. Porque hoje é sexta.