domingo, 21 de abril de 2013

Brasília - Por Leminski

claro calar sobre uma cidade sem ruínas
(ruinogramas)

      Em Brasília, admirei.
Não a niemeyer lei,
      a vida das pessoas  
penetrando nos esquemas
      como a tinta sangue
no mata-borrão,
      crescendo o vermelho gente
entre pedra e pedra,
      pela terra a dentro.

      Em Brasília admirei.
O pequeno restaurante clandestino,
      criminoso por estar
fora da quadra permitida.
      Sim, Brasília.
Admirei o tempo
      que já cobre de anos
tuas impecáveis matemáticas.

      Adeus, Cidade.
O erro, claro, não a lei.
      Muito me admirastes,
muito te admirei.


Poema escrito por Paulo Leminski durante sua visita a Brasília em 1984, após um almoço numa pensão na W3S, com Ivan "Presença", Nicholas Behr e Alice Ruiz. Paulo deixou o manuscrito com o também poeta Nicholas Behr. Originalmente, o poema foi publicado em “Tira Prosa” a revista cultural do Feitiço Mineiro, Número 11 out. / nov. / 1998.

Uma homenagem poética, no dia em que Brasília completa 53 anos de existência.

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