Invariavelmente, as reuniões terminavam com uma profusão de assuntos. Da moda à culinária, do futebol às crises financeiras, sempre passando pela política. Graça, Érica, Luciana, Dinalva, Aloísio, Myrian, Juliana e eu dávamos a partida na reunião. Depois chegava mais gente.
Parte da equipe da reunião de pauta: (a partir da esquerda) Juliana, Érica, Solange e Dinalva |
Graça: "Trocando de biquini sem parar". |
Luciana lembrou que uma amiga dela adorava uma música do Alceu Valença, que até hoje faz muito sucesso. No original, a música se chamava “La Belle de Jour”. Mas a amiga da Luciana sempre se empolgava. E, na hora de cantar o refrão, tascava: “... a velha biju...”, ao invés de “La Belle de Jour”.
Dinalva, que é de Cavalcante, cidade histórica (não turística. A Dinalva odeia os turistas que tiram o sossego do lugar) contou algo mais instigante ainda. Diz a Didi que procissão em Cavalcante é das coisas mais sérias que pode haver. E que ela conheceu uma moça que era católica fervorosa, mas era absolutamente inconseqüente nas rezas. Rezava como o ouvido entendia, sem se importar com o sentido das frases. Ou melhor, atribuindo a elas o sentido que melhor lhe coubesse.
Na hora da “Ave Maria”, a Dinalva se continha pra não morrer de rir. A amiga carola começava, sempre bem alto, pra todo mundo ouvir, como que numa demonstração inquestionável de fé: “Ave Maria, cheia de graça, a senhora é tão moça, bonita é sua voz...” E por aí ia.
Ah, o ouvido! Meu irmão mais novo, o Guga, um dia me ouviu cantando uma música do Zeca Baleiro e levou um susto. A música chamava-se “Telegrama”. E num determinado trecho, ela diz assim: “... Mas hoje, eu recebi um telegrama, era você de Aracaju ou do Alabama...” Meu irmão passou um bom pedaço da vida cantando errado. Pra ele, mesmo sem fazer muito sentido, a frase soava assim: “...era você, era Caju, era Castanha...” Isso, Caju e Castanha, que formam aquela dupla famosa de cantadores de embolada. O sentido é pouco, quase nenhum, mas a frase e impagável.
Hoje, isso tudo me veio à cabeça, porque descobri que eu mesmo fui traído pelo ouvido. A Globo está se preparando para relançar a novela “O Astro”. E está resgatando a música “Bijuterias”, do João Bosco, que tocava na abertura da novela. Provocado pela memória, comecei a cantá-la inteirinha. E Mara duvidou que um trecho falasse sobre “ir urgente ao dentista”. Me olhou com cara de desconfiada. Me provocou.
Fui ao Google. Santo Google. Resgatei a letra e a música e acabei com a dúvida. Ponto para a minha memória. De quebra, descobri meu próprio erro eterno. A última frase da música eu sempre entendi, desde priscas eras, assim: “... transparente feito bijuterias, vacilou perde a alma...”. Aquilo nunca fez muito sentido pra mim. Mas eu também nunca me dignei a gastar tempo em busca do verdadeiro sentido da frase.
Hoje, exatamente agora, acabo de descobrir que todo esse tempo, cantava a frase errada. No original, João Bosco diz “...transparente feito bijuterias da Sloper da alma”. A frase faz sentido para os cariocas. Pra mim, só faz agora. Uma vez mais, graças ao São Google. Se você também não sabia, clique aqui e descubra o sentido da frase que encerra a música de João Bosco.
O jornalista e amigo José Clauber, me escreve, comenta o post e eu divido o comentário com vocês:
ResponderExcluirFrases erradas de músicas, acho que fazem parte da vida de todo mundo. Me lembro de "errar' o sentido de uma do Roberto Carlos. Desde pequeno na minha casa, sempre e muito, se ouviu o Rei. Em uma das músicas ele dizia: Nos lençois macios amantes se dão... e eu com minha irmã Célia ficávamos pensando do que se tratava aquilo(tinhámos uns 6 ou 7 anos de idade). E ficávamos horas tentando descobri o significado daquela palavra: Amantisidão, kkkkkkkk! Nós entidíamos tudo junto. Dia desses estávamos rindo, lembrando da nossa dificuldade em entender.
Abraço, Maranhão.
Zecca Freitas, grande amigo de boas batalhas eleitorais por este Brasilzão a fora, também me escreveu comentando o post. Reproduzo aí embaixo porque a mensagem dele é genial. Valeu, Zecca, grande abraço.
ResponderExcluirMuito legal, Maranhão. Me faz lembrar o colega da escola pública primária de Catanduva que ao cantar a primeira estrofe do Hino Nacional saía com um sonoro: “virundum piranga imagem plástica”.
Abraços,Zecca
Meu Deus!!! O José Clauber,(que não conheço) acabou de me decepcionar. Então não era "a mantisidão" dos lençóis??? Não sei o que seria a tradução disso, talvez alguma coisa ligada a maciez, sei lá. Puxa, não sei se fico feliz ou triste com essa descoberta!
ResponderExcluirBeijos,
Isa
''Trocando de bíquini sem parar'' essa realmente todo mundo troca.
ResponderExcluirAgora eu tenho uma caprichada, e sempre cantei errado (já me dá vontade de rir só de lembrar).
Bem a música é Exagerado de Cazuza, e o trecho é ''E por você eu largo tudo, carreira, dinheiro, canudo''.
E eu sempre cantei assim: E por você eu largo tudo, carreira de Neruda mudo (kkkkkkk)
E tem outra do Cazuza ( Pro dia nascer feliz)e meu tio Paulino canta assim: Me dê de presente o teu pis.
Taí, ele quer o pis pasep pro dia nascer feliz.
Se eu lembrar de outras eu volto.
Abraços!
Andressa Domingues
Eu cantava "nasce o romper da alma"... Descobri hoje que é na sloper da alma (sendo sloper uma loja chique)... Ai... Ai...
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