domingo, 25 de janeiro de 2015

Macacos, domingo, memórias


Aloysio Campos da Paz.
Acabo de ser avisado. Morreu o médico Aloysio Campo da Paz Jr. Mais um dos pioneiros de Brasília que nos deixa e passa definitivamente a frequentar as páginas da História. No caso dele, com um rico detalhe a mais: Foi o fundador da Rede Sarah, instituição hospitalar especializada em ortopedia, que nasceu em Brasília e virou referência mundial.

Estou em Belo Horizonte, na companhia de vários amigos queridos. Rudá e Cláudia, entre eles. Hoje pela manhã, me apanharam no hotel e decidiram me levar para conversar em torno de uma boa mesa mineira, em Macacos.

Vista de Macacos
Macacos é um vilarejo no entremeio de uma região de montanhas, vizinha a Belo Horizonte, pertinho de Nova Lima. A medida que nos afastamos dos arranha-céus, entramos na mata. Muda o clima, aumentam as curvas da estrada e o ar fica mais saboroso, de interior, ar de Minas Gerais.

Rumo ao coração da mata.
Rudá e Claudia
Durante a conversa, enquanto a comida não chega, saboreamos uma cachaça. E a palavra se solta, e a memória "avoa". Vai ao ponto em que falamos de Brasília. De uma outra Brasilia que não a dos escândalos. A Brasília que permeia sonhos, aventuras e seus aventureiros do meio do Século passado.

É onde as mineiridades se entrelaçam com o cerrado. É onde os sotaques de uns e de outros se misturam para traduzir melhor a história deste imenso país. História que passa com o tempo e que carece de memória para não ser esquecida.


Uma chuva fina rega a nossa tarde-quase-noite. Um riacho corre despretensioso ao lado de nossa mesa. Vai montanha abaixo, como quem tem rumo certo, como quem sabe exatamente aonde ir.




Na volta, depois da fartura e da comilança, passeamos nas ruas de Macacos. Ruas estreitas, feitas pra que um carro espere o outro, pacientemente, na hora em que se cruzam. A cada curva uma surpresa. E bem no alto, uma igrejinha. Bordas azuis e paredes caiadas de branco. Sim, há pouca coisa mais Geraes  do que essa paisagem.


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Black amigo bird


Os Beatles tornaram eternas muitas músicas. Blackbird é só uma delas. Há várias versões para os motivos que levaram Paul McCartney a escrevê-la. As mais consistentes e mais coerentes, falam de um caráter político, em defesa do movimento negro americano, ainda sob o impacto da morte de Martin Luther King, no final da década de 60, do Século passado. Há também uma versão mais poética, de que ele tenha feito a música para homenagear a mãe da madrasta.

Falo isso respaldado pela consultoria do meu "professor" virtual e musical, Marcio Grings, que lá dos pampas me manda essas preciosas informações. Qualquer que seja a versão válida, a música se justifica por si própria, pela melodia, pela simbologia dos versos, pela beleza da poesia.



Hoje de manhã, navegando pela blogosfera, me deparei com uma cena ainda mais comovente, cuja trilha sonora se sustentava na melodia de Blackbird. Quem me mostrou foi o Maurilo Andreas, outro amigo, irmão, caminhoneiro, lá de BH.  

Na cena, o professor de ciência e apaixonado por música, Curt Stager dedilha ao violão a música de Paul.  E, ao mesmo tempo, tem a companhia muito especial, mais muito especial mesmo, de um blackbird. Fina sintonia entre ave, músico e som. Coisa rara de se ver. Amor de ave, amor de gente, amor de música. Como diz o Grings, a prova mais irrefutável de que, sim, pode haver harmonia entre a natureza e o homem. 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Short Cuts de janeiro

Maurinho em Cuba


Mauro di Deus publica uma foto.
Foi encontrar Clarice, em Cuba.
Mauro em Cuba é um pleonasmo.
Pleonasmo de quinta-feira, feito na medida.
Feito Clarice.
Feito Cuba.

Liberdade, Igualdade, Fraternidade… e Respeito


A mais recente edição do Charlie Hebdo esgotou-se em pouco tempo. Não deu pra quem quis. A capa tem uma caricatura do profeta Maomé, chorando e segurando uma placa, em que se lê "Eu sou Charlie". Acima, uma manchete: "Tudo é perdoável".

O ocidente celebrou. O Islã não.  Há medidas para a liberdade? Há ponto de confluência entre liberdade e respeito? Há tempo para essa reflexão antes do próximo ataque surpresa? Quem garante que tudo mesmo é perdoável?

Fico com a impressão de que, uma vez mais, o Islã foi cutucado com vara curta.

Simonal Luther King


Se estivesse vivo, Martin Luther King estaria fazendo aniversário hoje. 86 anos de idade. É feriado nos Estados Unidos. Um dos três únicos feriados nacionais a celebrar o nascimento de uma pessoa americana. Nesses tempos de provocações e intolerâncias, recorro ao passado  e à voz de outro intolerado: Wilson Simonal.

Era o final de 1966 ou início de 1967. O programa da TV Record tinha Simonal como estrela maior. Show em Simonal, era o nome do programa. Naquele dia, Simonal, acompanhado pelo Som 3 - César Camargo Mariano, Sabá e Toninho Pinheiro, anunciou e cantou uma música que fizera em homenagem a Martin Luther King.

Wilson Simonal
Uma ousadia. O preto mais famoso da televisão brasileira, naquele momento, estendendo uma ponte transcontinental ao preto mais famoso dos Estados Unidos. Os dois são parte da história. Os dois estão no passado, mas seguem presentes por aqui. Principalmente, agora, nesses tempos de cólera.

A ida, a poesia, a vida


"O Tempo só anda de ida.
A gente nasce, cresce, 
envelhece e morre.


Pra não morrer

É só amarrar o tempo no poste.

Eis a ciência da poesia:

Amarrar o tempo no poste!"

Manoel de Barros

domingo, 11 de janeiro de 2015

Baile saudoso

Porque o domingo tá começando! Camila Honda. Baile Saudoso.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Um cariño, hermano!

Marcio, Jerry e Rodrigo - Hermanos!
Tiro o peso do dia, dos ombros.
É tarde da noite.
Abro o computador e "zás!", surge uma mensagem na tela:

"Ao mestre,
com carinho!"

Rodrigo Teixeira.
A mensagem é de Rodrigo Teixeira. Amigo, irmão, hermano!
Embalado virtualmente, o clip de um clássico da música paraguaya e latinoamericana: "Recuerdos de Ypacaraí". Uma interpretação magnífica do trio "Hermanos, Irmãos", do qual ele faz parte, junto com Jerry Espíndola e Márcio de Camillo; e com uma participação mais do que especial de Marcelo Loureiro. Biscoito fino em noite de quinta. Quase madrugada de sexta.

"Ao mestre" é por conta dele. Ou, por conta dos olhos dele sobre nossa amizade. O carinho veio em boa hora. Obrigado, meu velho e bom Tex! Ganhei a noite.


quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O mundo de luto por Charlie

É pena 2015 começar assim.
Intolerantes matando em nome de Deus.

Hoje, como amanhã, o mundo todo é um pouco Charlie Hebdo.


* Para os que não sabem, radicais islâmicos invadiram hoje, em Paris, a sede do Jornal francês "Charlie Hebdo". Eram dez da manhã. Havia uma reunião de pauta. Eles entraram atirando, chamando os cartunistas pelo nome, dizendo vingar o profeta. Mataram 12 pessoas.

O ódio dos radicais contra o jornal se traduz pelas várias capas em que os cartunistas retratam a figura do profeta Maomé, o que é considerado um sacrilégio.

Nada justifica tamanho ódio.

Ai em cima, a capa com a qual o Jornal francês, "Libération" circulará amanhã. Uma homenagem que se espalha pelo mundo, neste dia de dor.