domingo, 27 de junho de 2010

Na vizinhança

Num canto distante e esquecido da África nasceu um projeto chamado "Vozes". Ele é fruto da obstinação e da resistência de mulheres, viúvas de guerra, sobreviventes de estupros.

Elas se uniram porque não suportam mais tanta violência e porque acham que podem levar um sopro de esperança, em forma de canções, aos ouvidos de pequenos órfãos ainda espalhados nos campos de guerra. Elas cantam e torcem para que suas vozes cheguem, de boca em boca, o mais longe possível.

Que alcancem os ouvidos de crianças, que foram transformadas, pela brutalidade da guerra, em soldados. Crianças que tiveram a infância roubada e que, muito cedo, tiveram que carregar armas, atirar e matar, sem saber extamente o sentido do que faziam.

Essas mulheres usam suas vozes para fazer chegar até elas umas mensagem simples: "vocês não têm culpa. Estão perdoados. E o seu lugar é em casa.

Akello Miriam Introduction to Songs from The Voice Project on Vimeo.



Todo esse esforço é para tentar acabar com a guerra mais longa da África, que tem devastado o Norte de Uganda, o Sul do Sudão e o Leste do Congo.

Artistas famosos, do mundo inteiro, têm-se juntado a esse projeto e emprestado suas vozes também. Hoje, num hiato de tempo entre o fim do dia e o início da noite, encontrei essa bela canção de Tom Waits, interpretada por Peter Gabriel, que integra o projeto "Vozes" e divido com vocês.

Peter Gabriel » Tom Waits from The Voice Project on Vimeo.

sábado, 12 de junho de 2010

Filme de amor

Vasculhando a blogosfera, encontro esse curta feito por David Viau,um diretor que faz parte de um grupo chamado "superfad", que reúne cineastas, designers, animadores e artistas. Eles dizem ter como missão apresentar marcas conhecidas de maneiras inesperadas e originais.

Nesse filme que se chama "Perguntas Hermosas", eles trabalham dois poemas de amor de poetas famosos: Pablo Neruda e Carl Sandburg. É um filme de amor para o dia dos namorados. Vale pela poesia, vale pela história e vale pelo amor.

Preguntas Hermosas from Süperfad on Vimeo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Sepé Tiaraju


No final do mês passado, a Câmara dos Deputados lançou o livro “Sepé Tiaraju: herói guarani, missioneiro, rio-grandense e, agora, herói brasileiro”. A publicação marca a inclusão de Sepé Tiaraju no Livro dos Heróis da Pátria, fato consolidado através do Projeto de Lei 5.516/2005, aprovado pela Câmara e pelo Senado, e sancionado no dia 21 de setembro de 2009 pelo então Presidente da República em exercício, José Alencar.

O livro conta a história do índio guarani que, há pouco mais de 250 anos, liderou a resistência à demarcação imposta por portugueses e espanhóis na região das Missões, no Rio Grande do Sul. O tratado de Madrid, assinado pelos reis de Portugal e Espanha em 1750, provocou a expulsão dos índios que viviam nas reduções jesuíticas instaladas na região. Em 1753, Portugal e Espanha uniram seus exércitos para enfrentar os índios, deflagrando-se a guerra em 1756. Sepé Tiarajú morreu numa das primeiras batalhas e tornou-se um mito.

Revirando a memória e os meus guardados, reencontrei-me com Sepé Tiaraju. Eu cursava jornalismo, na UNISINOS e participava de um movimento de teatro. Durante dois anos, ensaiamos uma peça montada por Juan Carlos Sosa, para comemrar os 15 anos da universidade.



"América Desperta" se pretendia uma ode à liberdade. Passava pelos principais movimentos revolucionários, desde a descoberta do Novo Mundo até os tempos de ditadura militar no Brasil.


(Ensaio: Sepé luta contra os invasores)


Ao longo de duas horas de espetáculo, 50 atores universitários, entre os quais eu me achava, varriam a América, de Norte a Sul, contando as agruras e conquistas de seus heróis, a luta pela dignidade e o desejo incontido de liberdade.


(Rosane Henn, uma das "Loucas da Plaza de mayo")

Sepé, João Cândido, Bolivar, Chê, Prestes e tantos outros ganhavam vida e voz em nossos corpos de estudantes. Nossa estréia, em Porto Alegre, marcou também a reinauguração do Teatro São Pedro, depois de um longo período de reconstrução.

É daí que vem minha proximidade com Sepé. Em um dos momentos mais tensos do espetáculo, Sepé liderava uma revolta e enfrentava espanhóis e portugueses numa luta desigual, para defender sua terra e sua gente.


(Maranhão/Sepé - personagem que resiste ao tempo)

Eu interpretava o Sepé nessa cena. Olhando as fotos, flagrantes dos ensaios da peça,não há como não sentir um sopro de saudade daqueles tempos. No meu íntimo, acho que nunca me distanciei do personagem. Seja pela luta permanente em que se traduz a minha vida. Seja pela ambição perene por ser livre. Viva, Sepé!

domingo, 6 de junho de 2010

Ausência

(Poesia de Maranhão Viegas para foto de Chris Kenny)


Ando ausente.
Não que eu queira.
Não...

É o tempo.
Ou a falta dele.

É a chuva
A que não veio.

O silêncio.
O vazio do banco.

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de um período:

Exaustão