terça-feira, 13 de novembro de 2018

Estrada viva

Jaguatirica morta na BR 262
Forto Edemir Rodrigues - CG News
Corria o ano de 1996. Século passado, portanto. A ACT Comunicação - uma aventura comunicativa/empresarial que eu e a jornalista Ecilda Stefanello fizemos existir por doze anos e meio - era a matriz dos nossos sonhos, das nossas ousadias. E vivia nos fazendo percorrer caminhos inéditos. Num desses encontros que a vida nos presenteia, cruzamos com o biólogo Wagner Fischer. Ele buscava alguém que encarasse o desafio de transformar em documentário a pesquisa que ele fazia, quase que como um cavaleiro solitário.

Ecilda Stefanello e Maranhão Viegas
Priscas Eras (1999 - na Lujje Filmes)
Wagner registrava o número de acidentes e de mortes por atropelamento de animais na estrada mais famosa do MS, a BR 262, que corta o pantanal sul-matogrossense, entre Campo Grande e Corumbá. Nós da ACT éramos loucos o suficiente para nos jogar de cabeça em projetos provocantes como aquele. O dinheiro, como sempre, era curto. O desafio, imenso. As dificuldades, maiores ainda. 

Wagner Fischer
A ideia evoluiu. De tanta insistência. No início de 1999 caímos na estrada para começar a fazer os registros. Em agosto daquele ano o documentário estava pronto. 

O assunto era angustiante. Nós precisamos encontrar um jeito de mostrar aquela tragédia, sem causar repulsa em quem assistisse. Mas, também, sem deixar de emocionar. Pela dramaticidade das imagens. No final, os quase nove minutos do documentário, creio, cumpriram a sua missão. 

O filme ganhou dois prêmios do 1º Festival de Vídeos do Mato Grosso do Sul (Melhor Documentário e Melhor Roteiro). E ajudou a traduzir de forma mais clara a grande batalha que o Wagner travava para reduzir o impacto de uma estrada asfaltada no coração do Pantanal.


Hoje cedo, recebi uma mensagem do Wagner Fischer, me enviando o link de uma reportagem publicada, ontem, pelo NY Times sobre o assunto. (Clic no link para ler a reportagem completa).


A reportagem foi motivada pelo documentário original e pela pesquisa, que o Wagner segue tocando. O problema - que registramos lá atrás e que comoveu tanta gente naquela época - segue cada dia mais grave. Não foi o suficiente para que as autoridades ambientais tomassem alguma providência efetiva para reduzi-lo. 

Isaac de Oliveira
O documentário que fizemos no Século passado está mais atual do que nunca. A logomarca do projeto e do documentário foi feita pelo artista plástico e grande amigo, Isaac de Oliveira. A jornalista Waléria Leite é quem apresenta. As imagens, de Jair de Almeida. A edição é de Antônio Paes. O vídeografismo, de Cido Fernandes. E a produtora foi a Lujje Filmes.

Waléria Leite e a Logomarca Estrada Viva
Um orgulho saber que aquela semente deu frutos. Uma tristeza ver que nada do que dissemos e mostramos à época serviu para evitar que o problema avançasse. Uma responsabilidade: seguir lutando.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018