O prato certo para enfrentar a noite fria e chuvosa. À mesa, pedaços de pão, queijo branco e manteiga. Um limão cortado ao meio para pingar umas gotas no prato. Hum!!!! Delícia. Simples e saboroso.
O Jornal Nacional na TV. Notícias que, por nada, seriam capazes de melhorar o clima. Quem quer saber de violência diante de um prato de sopa? Quem?
Nada de importante no ar. Até que surge uma informação capaz de mobilizar a todos: Uma exposição sobre a arte de Tarsila do Amaral, a artista brasileira que melhor soube traduzir a Semana da Arte Moderna. O menino interrompe - Eu gosto muito de Tarsila do Amaral. Os pais se entreolham com um certo espanto. A mãe provoca - Não sabia que você gostava dela. Gosto, sim. E conheço bem os quadros de Tarsila - dizia ele de boca cheia.
Novo olhar de espanto entre os pais. O menino com os olhos fixos na tela da TV. A sopa lá. Silêncio. Vocês não acreditam? Não é isso. Apenas estamos admirados com esse seu "profundo" conhecimento sobre a arte de Tarsila.
Pois, eu conheço sim. Tem aquele... o Abaporu...
Sim...
Tem outros...
Quais outros você conhece?
Aquele... Vocês não conhecem??
Silêncio.
Aquele...
O pai, bem sério, entra como se fosse ajudar: Sim, tem vários outros...
A mãe séria e cada vez mais admirada com o rumo da conversa, segura no ar uma colherada de sopa que seguia em direção à boca. O pai e o menino se entreolham. Silêncio no ar. Até que o pai solta:
Tem uma série...
O Abaporá...
O Abaporé...
O Abapori...
O Abaporó...
Todos anteriores ao Abaporu.
E a mesa explode numa gargalhada só. Inclusive o menino, que dizia conhecer muito da arte de Tarsila. A sopa, depois do riso, fica melhor ainda.
Delícia de crônica, Maranhão. Tão ou mais saborosa que a sopa. Deu até pra sentir o cheirinho da sopa no ar...
ResponderExcluirGostoso de ler e de comer. Quase uma sopa de letrinhas!
ResponderExcluirSenti como se estivesse à mesa sorvendo a sopa e partilhando dessa deliciosa conversa em família igualmente deliciosa. Impagável meu caro novo velho amigo!
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