terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Limpando a mente


Há três noites, acordo e não durmo mais por um bom tempo. Meus olhos reabrem ali pelas três da manhã. Ligo a TV. Desligo. Leio livros. Rolo na cama. Acendo e apago a luz. Fecho os olhos, mas a mente continua lá, desperta. Resistente. Inquieta. Passeio por ruas que não quero. Vejo gentes que não desejo. Divido comigo mesmo uma angústia sem identidade certa. Aprendi com o tempo que isso não é bom sinal. É sinal de que tem raciocínio sobrando na cachola.

E eu não gosto de sobras.

Talvez, por isso, me mantenho acordado. Até que não sobre nada que me atrapalhe o sono. O problema é que, para isso, pra não sobrar nada de pensamento esquisito, é preciso pensar. Pensando, permaneço acordado enquanto os outros dormem. Por não dormir, gasto o tempo e o que sobra de raciocínio. E me livro do que não quero.

Aí, é hora de dormir. Cansado. Perto do sol nascer. Na vizinhança do dia. Mas sem nenhuma sobra de pensamento.

Cada vez mais, me convenço, eu não gosto de sobras.

4 comentários:

  1. Serve para ti o que alguém disse:

    "Algumas pessoas não conseguem dormir. Outras sofrem outros males. Passam a vida precisando acordar."

    Abraços

    matta

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  2. Eu gosto de gastar o pensamento. É para isso que ele serve, para ser esvaziado. Será assim com você?

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  3. Também não, poeta.Lindo demais...Saudades...

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  4. penso... logo existo...
    no seu caso, vc está sobrando em existência!!!
    parabéns!!!!!!!!!!!

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