Por *Mariza Poltronieri
Mariza Poltronieri |
Uma
máxima do humanismo: Em cada humano está contida toda a humanidade. Africanos,
europeus, asiáticos, indígenas, habitam em nós todo o tempo, sobretudo no prato
que comemos. Pensando assim, devemos agradecer a algumas coisas aprendidas e
que fazem parte do dia-a-dia sem nos darmos conta.
A
vida na cozinha até meados do Século XVI não era lá muito animada. Alguns
tubérculos dos índios e cozidos dos portugueses faziam uma festa muito sem
graça. Eis que de um jeito torto e triste os africanos vieram colorir nossa
terra. Graças a sua cultura e tradições, hábitos e costumes alegraram
nosso cardápio. Os africanos, feitos escravos, vieram de muitas tribos e
mesclaram suas crenças formando uma religião – o candomblé.
Toda a
entidade do candomblé tem um pouco do humano e traz consigo a fraqueza e a
força, virtudes e maus pendores comuns a cada um de nós. Para reverenciá-la,
além das rezas, palavras de encantamentos, evocações e cantigas, é preciso uma
boa comida para agradar. Poucos sabem, mas a higiene na cozinha veio desta
tradição. As cozinheiras escravas exigiam um lugar purificado para o preparo
dos quitutes de seus Orixás. Depois de conhecidos os aromas e temperos que
encantaram os senhores de engenho, qualquer crente ou descrente aceitaria essa
condição.
Depois
do século XIX mais gente veio somar ao nosso paladar e ficamos mesclados também
em sabor. Uma viralatice feita de muitas raças, culturas, crenças que nos dão
um borogodó muito especial.
Se
o sabor começou pela África é por ela que devemos agradecer o pão de cada dia. Axé.
Dia
dois de Fevereiro é dia de Iemanjá, orixá feminino dos mares e limpeza, mãe de
muitos orixás. Dona da fertilidade feminina e do psicológico dos seres humanos.
Ela gosta de peixe do mar.
Robalo
na Brasa para Iemanjá
*
Receita fornecida por Wesley Abreu que mora em Joinville-SC, é gourmet e um
adorador do mar.
O
Robalo é um peixe muito comum na costa do Paraná e Santa Catarina. É um bom
peixe em todos os sentidos, esportivo para os pescadores que gostam de uma boa
briga e possui uma carne branca, tenra e muito saborosa para os
apreciadores de frutos do mar. Também é uma receita simples podendo ser feita
em qualquer lugar.
Ingredientes:
·
1 robalo
com cerca de 2,0 kg
·
sal e
pimenta-do-reino moída na hora a gosto
·
suco de 1
limão
·
azeite e
salsinha
Modo
de preparo:
·
Lave e limpe o
Robalo. Tempere, por dentro e por fora com sal, pimenta, salsinha e limão.
Coloque o Robalo na grelha com o carvão em brasa forte, a pelo
menos 50 cm do fogo, vire com 20 minutos e deixe por mais 20
minutos. A cada 10 minutos umedeça o Robalo com a mistura do
tempero descrita acima com bastante limão. Ao Final dos 40 minutos
abaixe a grelha para 20 cm da brasa e deixe dourar uns 5 minutos de cada
lado para dourar bem. Neste momento precisa-se de muita atenção para não
queimar.
·
Sirva com
arroz branco com bastante alho, salada de folhas e tomate cereja. Serve 4
pessoas.
* Mariza Poltronieri é culinarista, em Maringá. Escreve aqui sempre que tem vontade. E sobre o que
quiser. Toda vez que ela aparece, tempera as páginas desse blog com
histórias deliciosas.
Sei que vc, meu amigo, também ama o mar. Estive com o mar estes dias e ainda sinto o seu cheiro. Tomara que meu texto tenha esse sopro de maresia. Uma homenagem a ele e sua rainha.
ResponderExcluirEita texto bonito e gostoso ao mesmo tempo!!! Peixe é tudo de bom. Mariza com certeza a senhora estava iluminada e mais brasileira no momento de conceber esta maravilha. Lendo isso, a esperança se renova dentro da gente, porque vemos que a nossa verdadeira índole enquanto povo é de paz e amor.Diferente do que temos visto e ouvido em noticiários nos últimos anos. "Somos crentes e descrentes que aceitamos ser brasileiros". Pois somos um povo que é realmente toda essa mistura que deu certo....Parabéns Mariza!!!
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