Da chuva
Lá fora, há uma chuva leve. Que deixa as ruas de Brasília mais
brilhosas (falo do asfalto molhado, com aparência de espelho) e por consequência,
mais perigosas. Apesar disso, trafegar pelas ruas dessa cidade me comove.
Ela é linda, carrega um estigma de cidade fria. Mas eu garanto
pra você, não é.
Ando nas ruas de Brasilia como quem visita o corpo de uma mulher
sinuosa, esguia e delicada. Vejo em seu traçado a firmeza irreverente do pulso
do Arquiteto e enxergo poesia em cada ponto de fuga onde o chão se confunde com
o horizonte.
De mim
Sou o resultado das minhas circunstâncias. Quando penso que não,
uma novidade me assalta. E torna o meu dia mais vivo. Quando acho que cheguei
ao ponto, a vida me mostra que há outros rumos a me provocar. Sim, também
carrego um cigano comigo. Por vezes me imagino numa Macondo pessoal, carregando
astrolábios e lamparinas, fios de seda e perfumes, que servem a mim mesmo e aos
outros. Me dão o norte e me lançam ao desconhecido. Viver é precioso.
Dos meus amores
Adoro Leminsk e Quintana.
Não sei viver sem paixão.
Meus pés sempre
alcançam as descoisas
de Manoel de Barros
e meu coração treme
todo, inteiro,
diante da voz de Billie
Holliday.
Deliciosa autobiografia em fotos e passos. A vida é mais bonita escrita do que descrita. Você fez assim e escreveu-viveu em polaroid.
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