domingo, 6 de janeiro de 2013

Eu, Bi e as aventuras de Pi

Pi e o Tigre "Richard Parker"
Eu e Gabriel, meu filho, fomos assistir "As aventuras de Pi", o mais recente filme do diretor premiado Ang Lee. Bi estava lendo um livro quando decidiu aceitar o meu convite. Percebi que ele ficou dividido entre abandonar o livro e ir ao cinema com o pai. Passado o filme e terminado o programa, tenho a convicção de que a escolha dele foi acertada. Não só pelo bem que me fez a sua companhia, mas pela beleza e conteúdo do filme.

Ang Lee é um ator, roteirista e diretor taiwanês, que vive desde a década de 90 nos Estados Unidos e ganhou fama e respeito depois de dirigir filmes como Razão e Sensibilidade e O Tigre e o Dragão. O reconhecimento definitivo veio com "O Segredo de Brokeback Moutain", em que retrata o romance entre dois peões no machista e preconceituoso meio-oeste americano. O filme rendeu a ele o Oscar 2005 de melhor diretor.

Neste "As aventuras de Pi" que, como disse o Gabriel, bem poderia se chamar de "A vida de Pi", como sugere a tradução literal do título em inglês, Lee conta uma fábula que mistura religião, coragem, auto-controle, fé e emoção.

Tinha tudo pra ser um clichezão. Não é. Tinha tudo pra ser maniqueísta. Não é. É um belo filme. Penso que é seriamente candidato ao Oscar.

Assistimos a versão 3 D. E nela a virtualidade do tigre ganha aspectos de realidade presencial. A textura das cores, os movimentos, o olhar do felino, tudo é muito real. Tudo é muito convincente. Tudo é muito comovente.

Gabriel me contou depois que uma senhora e sua filha, que estavam sentadas ao lado dele, choraram copiosamente a maior parte do tempo. É um risco para os mais emotivos. Mas, aliviando um pouco a emoção, o filme merece ser visto pela qualidade do texto, pela direção impecável, pela trilha sonora, pelas locações, pelo desempenho dos jovens atores que fazem o papel de Pi, pelo mar.

O mar, no filme tem um valor especial. É onde se passam 80% do filme. O mar guarda imagens sublimes. A tempestade, o naufrágio, os animais nadando, os peixes, o barco, o tigre e o menino. O mar   nesse filme é - sem risco de errar - a melhor tradução de Deus obtida pelas mão e pelas lentes do diretor.

Não deixe de assistir. "As aventuras de Pi" é um belo exemplar de filme filosófico que não é chato, nem arrastado. Os religiosos poderão se prender em longas discussões. Os sonhadores, se agarrarão às estrelas, aos peixes voadores, à ilha carnívora. é um filmaço. É um bom começo de ano na telona.

Um comentário:

  1. Apesar de demorar a engrenar (o filme leva um bom tempo até esquentar) e do forte componente religioso (acho que o diretor exagerou um pouco na dose), a produção é impecável. O tigre digital é de um realismo de tirar o fôlego. Adorei!

    ResponderExcluir