sexta-feira, 4 de março de 2011

Memórias de carnaval

Minha fase de folião ficou lá atrás. Quando eu ainda era não mais que um menino. Até os dez, acompanhei o movimento de carnaval na Madre D'eus, lá em São Luis, por entre as grades do portão de minha casa. Por ali, vi passar os casais do Baralho; vi a Turma do Quinto; vi os Fuzileiros da Fuzarca; vi os Apaches; vi os blocos tradicionais - coisa que só no carnaval do Maranhão há.

Depois, mais tarde um pouco, aos 15 anos, voltei ao Maranhão, atravessei a rua e acompanhei meus amigos de infância - Jorge, Bumbunga, Nildo, Josimar, Carlinhos Carretel, Junior Carajás e tantos outros, no Caroçudo. Nosso bloco saía da Rui Barbosa, entrava no Beco do Gavião, passava pela Praça do Cemitério, descia o Lira, entrava no Come Fedendo, caía na Areinha, subia o Morro do Querozene,  e voltava, para a Madre D'eus.

Tempo em que não havia limites físicos. O corpo, uma máquina jovem, novinha folha, aguentava tudo. E pedia mais. Cinco dias de folia eram muito pouco.

Hoje, me limito a olhar, recordar e gostar de ter vivido tudo aquilo. Hoje, me entrego com mais afinco à folia das letras invadindo o espaço em branco da tela do computador, fazendo meu carnaval virtual. Que os Deuses da Folia conservem viva a minha memória. Que os meus amigos de infância continuem a produzir música e alegria de forma natural. Que o carnaval seja sempre uma festa popular, pra pular e brincar. E que eu siga desfrutando do privilégio de me lembrar das coisas e traduzi-las com a mesma paixão com que as vivi.

Nas fotos aí abaixo, dois momentos de resgate: Primeiro, invadindo o ensaio do bloco tradicional "Os Feras", com meu filho Gabriel experimentando pela primeira vez a sensação de tocar um "tamborzão". Na outra, o reencontro com Jorge Luis Coutinho, meu primo da Madre D'eus, companheiro de muitas e inesquecíveis jornadas. As fotos foram feitas na minha passagem por São Luis, em 2009, 26 anos depois de ter estado lá pela última vez.


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