quinta-feira, 31 de março de 2011

Memórias da Profissão - O "Diário" de Ângelo

Ângelo de Souza é um grande amigo, jornalista dos bons, que conheci em Campo Grande e hoje vive no Rio de Janeiro. Um dos textos mais afiados que já li, Ângelo era sempre um provocador nas redações por que passou.

Nunca teve tempo pra esperar. Tratou de fazer o seu próprio. Às vezes, atropelou o tempo. Outras tantas, acertou em cheio. Me lembro de um domingo. Eu dormia, ainda, quando dei com ele quase dentro da sala. Um susto. O Ângelo pulou as grades da minha casa porque precisava conversar e tinha que ser naquele momento. O Ângelo era assim.

Outra vez, diante de um chefe em crise, que lhe usou enfiar o dedo na cara, Ângelo não teve dúvidas, cravou-lhe uma mordida no dedo. A redação veio abaixo e a dura do chefe acabou ali.

Hoje ele me manda um texto delicioso e oportuno, que eu faço questão de dividir com vocês. Valeu, Ângelo.

Amigo,

consultei o arquivo do finado "Diário da Serra", na Fundação Barbosa Rodrigues, em Campo Grande. Comecei a trabalhar lá, numa época em que cada comandante militar que visitava a cidade era noticiado com destaque, e inquirido sobre a chamada revolução, ao que respondiam algo como: está cumprindo seu papel.

O presidente de então pretendia liderar uma cruzada contra a pornografia; as tvs exibiam certificado de censura antes dos programas; as mulheres peladas das revistas masculinas não mostravam a coisinha e tinham que cobrir pelo menos um dos peitinhos nas fotos mais ousadas... nostalgia.

Para esta data e seu diário, selecionei estas imagens (edições de 1982), na sequência:
o governador de então entre seus garantes de ocasião;


um regime que anunciava mas tinha vergonha de assinar...;


... e que preferia se vender como programa de televisão (argh!);


mas a história seguiu... (eu fiz parte dela! veja no detalhe);
(O Ângelo é um dos que está na foto, no cantinho da página, lá no alto)


e o que realmente importa está na legenda deste retrato publicado na página de economia, em matéria de balanço da expogrande -- meu primeiro e involuntário plantão. outra história... (talvez não dê para ler, mas a legenda diz que o Touro campeão, faz uma pose especial para a lente de Narciso Silva, outro grande amigo e fotógrafo)
Tenho mais fotos... e abraços para você e para os colegas daqueles tempos primeiros meus na profissão -- Fausto Brites, que ficou de me ensinar a escrever; Silvio Martinez, o primeiro chefe, que me falou do sacerdócio do jornalismo, onde não havia hora para almoçar; Guilherme Filho, que me mostrou seus poemas e era como que um irmão mais velho que eu não tinha e depois foi chefe também... Muitas histórias. Muitos personagens. Êta vida besta, meu Deus.


Depois a gente conversa mais. Abração,

a.

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