domingo, 6 de março de 2011

Das coisas dele, que também são minhas

Ontem, eu e Mara vimos um filme sobre poesia. Noite que se vai. A algazarra de pássaros na janela do quarto amanhece o dia. Ontem, minha cabeça dormiu poesia. Hoje, acordei sonhando. Trafeguei as ruas de Manoel de Barros.

Queria que Margarida visse o que eu vi, pela beleza do que está lá. Pelo Manoel e pelo Joel Pizzini, dois dos amores dela. Noventa por cento é invenção. Só dez por cento é mentira.

Desenho de Manoel de Barros
Queria que Denise assistisse também. Porque um dia ela queria que eu explicasse poesia. E eu não expliquei. Poesia não se explica. Eu já tinha dito isso, mas agora, quem diz é Manoel. Poesia não é pra compreender. Poesia é pra incorporar.

Queria que a Simone assistisse. Porque ela me deu uma imagem de São Francisco, rodeado de pássaros. E eu descobri com Manoel que São Francisco monumentou os pássaros.

Desenho de Manoel de Barros
Queria que meu pai visse Manoel no filme. Porque ele só viu Manoel nas letras, nos livros. E acho que os dois têm coisas em comum. Acho que todo mundo merece um pouco de Manoel. Da poesia dele. Do olhar das coisas dele.

Depois de ontem, eu me entendo melhor. Porque corfirmei: há muito da poesia de Manoel em minhas coisas. Talvez porque eu seja besta de achar encanto em qualquer coisa, por mais simples que seja. E Manoel insiste na simplicidade das coisas.

Talvez porque um dia, por uma fração de segundo, eu me chamei Bernardo. Igual ao alterego dele. Bernardo, o guardador de coisas que inundam de beleza a cabeça de Manoel; das coisas que enfeitam e tornam riqueza todo rabisco que saia do lápis de Manoel.

3 comentários:

  1. Adoro o que ele escreve... gostei do seu blog.. se poder depois de uma passadinha no meu ... respostasmentais.blogspot.com

    Abraçosss

    ResponderExcluir
  2. Ok, Daniele. Vou lá te visitar. Obrigado pela companhia.

    ResponderExcluir
  3. É sempre um respiro de alívio achar mais alguém que se encanta com as coisas do mundo!

    Também fiquei querendo mostrar a mil pessoas o documentário quando acabei de vê-lo...
    "Acho que todo mundo merece um pouco de Manoel. Da poesia dele. Do olhar das coisas dele."
    Eu também acho! Por isso me atrevi a comentar no seu blog sem nem te conhecer. Obrigada por esse texto-abraço =)

    ResponderExcluir