Heráclito, o pai da Dialética |
Pois, por algumas horas, estive diante de um rio, de um mesmo rio, com águas distintas, correntes e contínuas. Minha viagem de reencontro com o passado tinha uma despedida, o funeral do senador Lúdio Coelho, como referência. “Seo” Lúdio, sobre quem eu havia escrito poucos dias antes, aqui no blog, partiu com a consciência de ter vivido muito e intensamente.
E, na partida, se viu rodeado de poucos amigos. Alguns do círculo mais íntimo, da família. Poucos da vida pública. E perceber isto me fez acreditar que a decisão de sair de Brasília apenas para estar lá, presenciando a sua última caminhada, foi uma decisão acertada.
Um silêncio, um choro contido pelos cantos, o chapéu que lhe serviu de marca por toda uma vida, uma manhã de céu nublado e um punhado de terra por cima do caixão. Estava concluído o último ato.
Dos amigos que encontrei na breve viagem, em especial, guardo o abraço da Domingas. Domingas é uma senhora paraguaia que trabalha uma vida inteira na casa do “seo” Lúdio. É parte integrante da família e quando me viu – havia pelo menos uns oito anos que não me enxergava – foi como se tivéssemos retomando uma conversa interrompida no dia anterior.
Ela se surpreendeu com a minha presença ali. Quis saber de mim, da minha família, dos meus filhos. A mesma Domingas que me levava chipas quentinhas e café feito na hora, toda vez que eu entrava na casa do “seo” Lúdio. A mesma mulher firme e leal. Agora, só um pouco mais triste. Abraço a Domingas como quem mergulha, de novo, no mesmo rio. Um rio que não é mais igual, mas que continua lá. Firme, contínuo e corrente, apesar da passagem da vida.
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