quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Ensaio sobre a cegueira

Dias destes, assisti o making off do filme “Blindness” – Ensaio sobre a cegueira, de Fernando Meirelles, baseado na obra de José Saramago. A obra é densa. Relata a história de uma epidemia incontrolável e inexplicável, que deixa as pessoas cegas de uma hora pra outra. No filme e no livro, apenas uma pessoa não é atingida pela cegueira, justamente a mulher de um médico que começava a pesquisar o problema.

O filme dividiu opiniões. Muitos adoraram. Outro tanto, odiou. Saramago se emocionou publicamente ao assisti-lo. Mas o que me chamou a atenção foi ver, depois de muito tempo – o filme é de 2008 - o relato dos atores sobre as dificuldades de gravação.

Uma fala comum a todos: o exercício angustiante, desesperador, de passar um tempo sem visão. E as reações diversas ao que era exigido pelo roteiro. Em um dado momento, Gael Garcia Bernal, que assume a personalidade do “rei da Ala 3”, o local onde os primeiros contaminados pela epidemia foram confinados, diz do conflito de experimentar o que ele chamou de degradação humana. Depois de confinados, no filme, eles passam a viver como animais, experimentando os instintos mais primitivos em troca de comida e a espera de uma cura, que não sabem se virá.

Guardadas as proporções, o governo de Brasília, devastado pela corrupção, viveu até hoje um simulacro do que os personagens viveram no filme. A endemia/cegueira atingiu o meio político em cheio. Todos atônitos, sem conseguir enxergar um caminho novo. Todos a esperar uma cura sem saber se ela viria mesmo.

O filme termina com a recuperação gradativa da visão por alguns personagens. Lá fora, um mundo devastado esperava pelos que recomeçavam a ver.

Hoje, Arruda teve a prisão decretada. A Brasília dos políticos está devastada. A cura ainda é uma incógnita. Como no filme, poucos mantiveram a visão. Em Brasília, esse papel coube ao Poder Judiciário.Aos poucos, outros voltarão a enxergar.

A vida imita a arte, outra vez.

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3 comentários:

  1. o combate a corrupção tem que começar de algum lado...e vai de certeza ser muito doloroso...mas felizmente e apesar das mazelas deixadas este mal tem cura...depende do povo e da atitude...
    Espero que possamos voltar a ver...

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  2. apesar de muito denso e complicado como tudo do Saramago...o livro é melhor que o filme...rsrsrsr....

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  3. O Governador Arruda assim como os outros políticos de meias, cuecas, casacos, bolsas e outras peças do vestuário, parece um calvo usando peruca. Todo mundo vê que é peruca, é ridículo de tão explícito e o careca continua dizendo que não é.
    Tenho muita pena desse desespero...nós não precisaríamos passar por isso, nem ele.
    O Judiciário está fazendo o papel do vento, que faz voar a peruca. Espero que esses carecas da política assumam seus honrados papeis.

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