sábado, 27 de fevereiro de 2010
Poeminha sem asas ou "O anjo caído"
Doce imagem celestial
Do alto da catedral
Habita, agora, outro plano
Em meio a tralhas e restos
No chão como qualquer mortal
Fruto de que capricho?
Uma reforma no altar?
Um castigo do bispo?
Um descuido estelar?
Nada, pura coincidência
Calhou de parar cá embaixo
Como uma santa imprudência
Justo no meio da crise
Que transformou a cidade
Numa ilha de indecência
Um desastre sem proporção
Um martírio interminável
Coisa que até Deus duvida
E que ninguém sabe ao certo
Qual será a saída
O anjo caiu na roubada
A reforma da igreja, parada
sem data pra terminar
O fiel olha à distância
Com a imagem na lembrança
Do anjo erguido a flutuar
Por enquanto, meu amigo
O anjo está de castigo
Sem data pra arribar
Tem o olhar petrificado
A imagem de cara pro chão
Num silêncio consternado
Quem sabe, fazendo oração.
(Poesia de Maranhão Viegas, com foto de Alessandro Dantas, mostrando detalhes da reforma interna da Catedral de Brasília)
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