sexta-feira, 22 de março de 2013

O tango em mim


Depois que eu cresci, ouvia meu pai dizer que ele dançava um tango com tal maestria que dava doze passos sobre uma lajota. Ele sempre jurou fazer isso, sob os olhares atônitos de minha mãe. Se algum dia ele deu mesmo doze passos em uma lajota, não foi com ela. Mas, verdade ou ilusão, os seus doze passos e o tango viraram lenda na família.

O folclore persiste ainda hoje, e só faz aumentar a beleza e a admiração por um bom tango. Os pais da Dora Prado, lá em Minas, dançavam tango e fizeram com que a imagem deles, dançando, se perpetuasse em sua memória. Dora adora os pais e tem paixão pelo tango.

Depois que eu virei gente, entendi a sonoridade que escutei desde quase criança, nas ruas da fronteira onde cresci, depois de deixar o Maranhão. O tango está em minha alma mais pueril. Nas noites argentinas da Rádio Mitre. Nas teclas do bandoneon desavisado de Astor Piazzola.

O tango está para mim como o imaginário do "seu" Viegas, que ainda hoje jura ter dado doze passos numa lajota qualquer dessa vida. Doze passos em seu imaginário. Doze passos, meus também.

CARO EMERALD "TANGLED UP" (OFFICIAL VIDEO) from // Videodrome on Vimeo.

2 comentários:

  1. Nunca contei os passos de dança de meu pai com minha mãe. Dançavam tango lindamente. Cada tango uma interpretação do feminino e do masculino, sensual e dramático. Quando a família se reunia para ouvir e dançar, fazíamos o gênero performático, com cenas marcadas. Risos e aplausos. O tango virou saudade.

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  2. Dora Prado me escreveu e divido com vocês:

    Ei, Maranhão! Lindas lembranças ao som de tango!
    Obrigada, meu amigo!
    Um grande abraço.

    Dora.

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