Charles Bradley tinha um sonho: ser cantor. Passou uma vida inteira sonhando. Agora, ao 62 anos, ele lança o seu primeiro disco, cujo título, curiosamente, sentencia: “No time for dreaming”. Ele é o que se pode chamar – sem essa frescura de politicamente correto – um negão de respeito. Até há bem pouco tempo, completamente desconhecido.
Ai, como água mole, batendo em pedra dura, ele juntou uns trocados do esforço de uma vida inteira, formou uma banda, a Mehanan Street Band, gravou um single no final de 2008 e, finalmente, o mundo descobriu “o cara” que havia por trás do cozinheiro modesto.
Agora, depois de tornar-se um pouco mais conhecido e respeitado, ela lança No Time For Dreaming, um excepcional álbum de soul music para apaixonados pela velha escola, que tem em Mr. James Brown o seu mestre maior.
O som guarda a originalidade de um arquivo que ficou esquecido nos porões da motown. Pra quem não sabe ou não está lembrado, motown era como se chamava a cidade de Detroit, no meio oeste-americano. Lar de algumas das mais importantes indústrias automotivas mundiais, experimentou o auge, seguido de uma derrocada da qual nunca mais se recuperou.
Daqueles anos de decadência econômica, porém, surgiu das cinzas de Detroit uma outra Motown que revolucionaria a música e a própria indústria fonográfica norte-americana, uma gravadora que colocaria em destaque alguns dos maiores anjos negros da música e alçaria a seu devido status de importância ritmos como o soul e o rhythmn n' blues.
Pois é esse o som que brota das entranhas deste sujeito que, no visual, lembra um composto de Tony Tornado com James Brown. Aos 62 anos, ele estreia na música como um veterano. Vale a pena curtir o som dele, pra fechar essa tarde de quarta.
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