terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Olívia, a sétima

Por *Olivia Poltronieri

Olivia Poltronieri, 83.
Fortunato Zamprogna já tinha seis filhos, um homem e cinco mulheres.Também tinha uma vitrola, destas de dar corda, com LPs (Long Plays, pra quem não se recorda ou não faz ideia do que fosse isso) de baixa rotação.

Na cidade onde morava, aliás, uma vila, pertencente ao município de Casca, interior do RS, os nomes dados a esses vilarejos eram números que indicavam o prefixo da telefônica local. Não havia telefones nos domicílios. “Seu” Fortunato e Dona Maria moravam na 15.
A vitrola era um regalo para os vizinhos. Ouvir música em sua casa, um acontecimento. Quem naquela região teria algo tão nobre?
Maria estava para parir e Fortunato, um afortunado de mulheres, torcia por um menino. Minha avó Ana serviu de parteira e Fortunato, a certa altura, lhe pergunta "O que veio?".
"Mais uma menina", foi a resposta. Na vitrola toca alto uma "música de bêbado", com as risadas de Fortunato abafando o choro da menina Olívia.
Nasceu a sexta menina, o sétimo filho e eu ganhei minha existência.

*Olivia Poltronieri celebra hoje 83 anos de idade. Ela é mãe de Mariza Poltronieri, leitora e colaboradora assídua deste blog. As duas estão em uma viagem de férias e de comemoração. A história relatada aí em cima foi narrada de viva voz, numa mesa de bar, pela aniversariante, para a filha, às vésperas de inaugurar a nova idade. Mariza mandou o relato por e-mail. E eu achei que valia dividir com todo mundo. 

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