sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Short cuts sexta 13


Os pássaros

Acordar com os pássaros é uma delícia. Em dias de férias, desliguei meu relógio biológico. Em casa, acordo sempre entre cinco e cinco e meia da manhã. Aqui, acordo com os pássaros. Eles chegam sempre por volta de sete da manhã. Fazem uma algazarra na árvore que fica em frente à janela. E se mostram, e se exibem, como se esperassem a foto, como se a confiança houvesse desde sempre entre nós. É sexta-feira, 13. E nem por isso eles deixam de festejar.

Livros

Marina - É um livro fantástico, do escritor espanhol Carlos Ruiz Zafón. Ele não é novo, foi escrito por Zafón em 1999, mas a tradução e primeira edição brasileira é da Objetiva, e chegou às bancas no ano passado.

A história, uma ficção, é ambientada em Barcelona, no começo dos anos 80. Mistura um pouco do suspense de Hitchcock, com o realismo fantástico de Garcia Marques, com o trailer policial de Ruben Fonseca.

É uma bela história contada a partir do universo imaginário de dois adolescentes. Mas, ao misturar magia, mistério e aventura Zafón consegue imprimir uma velocidade correta ao texto e prender seus leitores, de todas as idades, da primeira à última página do livro.

O Livro do Boni - Eu terminei de ler hoje. O Boni é daquelas figuras que divide opiniões naturalmente. Há quem ame e há quem odeie. Eu prefiro reconhecer que a história da vida dele se confunde com a história da televisão no Brasil. Sem resvalar em julgamentos apaixonados. E sendo assim, reconheço que ele tem lugar garantido entre aqueles que tiveram coragem e determinação para vencer as limitações impostas pelo tempo e ousar.

Num país que se acostumou a consumir programas de televisão como quem consome gênero de primeira necessidade, é inegável que a persistência dele tem parte muito relevante na qualidade de produção que a TV brasileira alcançou.

Boni, em um texto autobiográfico, leve e fácil de ser lido, passa em revista o fim dos anos de ouro do rádio no Brasil e traduz com muita propriedade o início dos tempos da TV. Ele não tem a impetuosidade de um Assis Chateaubriandt, mas protagonizou alguns dos episódios mais marcantes da televisão, sobretudo no que diz respeito à história da TV Globo.

O livro é envolvente e necessário para compreender uma parte da história que a gente se acostumou a ouvir de forma apaixonada. É, em resumo, a versão do Boni para alguns fatos importantes tanto para quem, como eu, é jornalista e passou pela Globo um dia, como para quem quer apenas conhecer melhor a história da construção desse ícone da comunicação brasileiro e mundial.

A máquina de fazer espanhóis – Estou devorando. É o meu primeiro contato com a literatura de Valter Hugo Mãe, um escritor angolano, vencedor do prêmio literário José Saramago, em 2007, que aliás, declarou que consumir a literatura de Hugo Mãe equivalia a assistir a um novo parto da língua portuguesa. Valter é também poeta, artista plástico, Dj, vocalista da banda de rock Governo e editor. Já publicou em seu país autores brasileiros como Ferreira Gullar e Caetano Veloso. A máquina de fazer espanhóis foi o segundo livro de ficção mais vendido em Portugal, em 2010.

Babel na praia

Ontem estivemos em um restaurante que é a mais completa tradução do que se possa imaginar de uma babel na praia. O nome remete a um bordão de novela de grande sucesso na Globo e que se passava no Marrocos – Inshalláh. A decoração toda nos remete para o oriente e o local é montado especificamente para a temporada de verão. O dono, um uruguaio, tem uma casa em Montevideo e outra em Garopaba. E fica por aqui sempre até a páscoa.

Os atendentes estão vestidos como marroquinos. A comida é italiana – pizza e pastas. E a música, ah, a música... É o que há de mais surpreendente. Um dos melhores grupos de chorinho brasileiro que já assisti nos últimos tempos. Formado por quatro instrumentistas... URUGUAIOS. A mistura toda pode soar estranha. Mas o resultado é mais do que perfeito.

Conversei com um dos integrantes da banda, o Martin. Ele me explicou que ao todo são dez integrantes, todos apaixonados pelo chorinho brasileiro e que resolveram fazer disso a razão de viver. A banda "La Choronna" existe há cinco anos, já gravou dois discos e há dois anos resolveu trocar as "calles" de Montevidéu pelos palcos de Floripa.  Viva a globalização!





O mar

Pra fechar, o mar. Que não precisa de palavras. Que não precisa de descrição. Que tem melodia própria. E que nos brinda a cada dia com uma paisagem diferente.




Nenhum comentário:

Postar um comentário