Em 2004, quando as redes sociais engatinhavam, um político chamado Howard Dean, ex-governador do estado de Vermont, decidiu usar a internet para fazer campanha. Ele disputava com o senador John Kerry, de Massachusetts, o direito de ser candidato a presidente pelo Partido Democrata. Nem Dean e nem John Trippi, seu marqueteiro, imaginavam que mudariam o jeito americano de fazer campanha, e também o do resto do mundo.
No início, eles acreditavam que a internet poderia ser apenas um meio eficiente de arrecadação, mas aos poucos começaram a entender que havia mais. “Isto não é simplesmente comunicar nossa mensagem, mas ouvir primeiro e formular nossa mensagem”, definiu Dean.
A tecnologia tem colocado na praça novos equipamentos e novas ferramentas praticamente todos os dias. Com o surgimento dos smartphones e dos tablets, a comunicação pela WEB experimenta uma nova onda de transformação. Os aplicativos que rodam no iPhone, rodam também no iPad e dentro de muito pouco tempo estarão rodando nos lap tops e nos desk tops. Isso quer dizer que não iremos mais precisar de um navegador tradicional para, por exemplo, acessar as redes sociais.
A velocidade das transformações é incontrolável. A campanha de Obama, que tanto sucesso fez em 2008, hoje está superada tecnologicamente. Mas o ensinamento número 1 de Dean continua atual: ouvir primeiro e formular depois.
O ambiente digital criou um novo contexto. Não se fala mais para uma massa compacta, mas para grupos que interagem entre si e com o comunicador (emissor). Isto é gestão de conteúdo, uma nova profissão surgida da necessidade de interagir com diferentes públicos ao mesmo tempo.
Hoje, ninguém pode ignorar a midia gerada pelo eleitor. Ela é consequência do desejo das pessoas estarem permenentemente conectadas. O resultado disso é um fluxo constante de pensamentos e opiniões. Um blogueiro gera mídia própria e também se apropria de conteúdos que estão circulando pela WEB. Isso vale para o Twitter, o Orkut, Facebook e quaisquer redes sociais. As opiniões não são mais formadas com a leitura de jornais e revistas, nem com uma simples conversa de bar. As pessoas usam as redes sociais, os blogs, trocam informações de todo tipo. Elas confiam mais na informação que circula na rede do que aquela publicada pela grande midia, atesta o Ibope Ratings. É comum esbarrarmos com posts do tipo: “pode pesquisar no google que vc vai ver que estou dizendo a verdade”.
É por isso que o conteúdo faz a diferença numa campanha digital. Se a idéia é boa, se a denúncia impacta, se a piada faz rir, alguém vai passar adiante. O importante é que estas ações sejam confiáveis, transparentes, autênticas. Verdadeiras.
Em 2009 eu estava em Washington participando do Politics Online Conference (POLC) e pude assistir a um debate entre o diretor de tecnologia do Barack Obama, Joe Rospars, e o diretor de tecnologia do John McCain, Michael Palmer. Rospars reconheceu que a tecnologia ajudou muito. Mas o pulo do gato foi a forma como a equipe de Obama gerenciou as relações humanas: “A organização comunitária foi o combustível da nossa campanha na Internet. Ajudou a formatar nossa estratégia tecnológica, nossa estratégia para arrecadar doações e a organizar as ações de corpo-a-corpo”. Ou seja: as relações humanas foram a base de tudo. Prevaleceram sobre as relações puramente tecnológicas, dando a vitória a quem melhor soube gerenciá-las. Aqui no Brasil não foi diferente.
Lula é PhD em gente. Levou Dilma Rousseff à vitória em outubro de 2010, numa campanha em que a internet não foi decisiva. Lula não é um ser tecnológico, mas um político que entende de relações humanas e sabe conversar com as pessoas. Quando em 2012 ou em 2014 a internet fizer a diferença nas campanhas políticas no Brasil, um PhD em gente vai continuar valendo mais que um PhD em Tecnologia da Informação.
É plugado all the time. Colabora com o blog trazendo à pauta assuntos que envolvem mídia digital, redes sociais, jornalismo, política e o que mais houver.
Ele sabe que tem espaço garantido para falar sempre e quando quiser.
Marcelo, sinta-se em casa.
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