quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Certeza pouca e necessária

Há palavras e significâncias que só se sabe por aqui, por estas bandas. Gabriel, meu filho, já é um homem, mas desde menino gosta de um tal refrigereco que atende pelo nome de "Laranjinha". Uma especiaria gaseificada que, desconfio, não se encontra em nenhum outro lugar do mundo senão aqui, em Garopaba.

A Mara adora um sorvete feito pela Gelomel - uma sorveteria local de "renome internacional".  O sorvete atende pelo nome de "Skimó" e é uma cópia bastante melhorada (dizem os apreciadores) do Eskibom, feito por uma multinacionalzinha qualquer, dessas que se encontra em todo lugar. 

Os dias aqui são incomuns. Há nuvens de chuva no ar. Acordo com o barulho da chuva. Penso que vai ser dia de leitura. Num instante, Zás! Uma lufada mais forte de vento. Não um vento comum, o " Vento Nordeste". Um tipo de vento que permeia as histórias, a cultura, a meteorologia e a mística deste lugar. Como num passe de mágica, o sol toma conta da manhã. Sim, há que ser mágica, não tem outra explicação.

Aulas de surf nas areias, antes de entrar nas águas frias de Garopaba; uma balada no Café Mormaii; barracas montadas na beira da praia antes de qualquer vivente chegar por lá; uma passada no mercado Silveira e um linguado à milaneza no Zanoni.  São situações aderentes a este universo praiano em que nos escondemos uma vez por ano, a pelo menos doze.

A igrejinha da cidade divisando a montanha e a praia dos pescadores. O falar cantado dos hermanos... No fim do dia, uma corrida solitária, já com a tarde virando noite. Céu de veludo estrelado, o vento Nordestão zunindo sem espantar ninguém. E uma única certeza, pouca e necessária: O tempo aqui tem outra medida.

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