sábado, 14 de janeiro de 2012

O direito ao delírio

De novo, acordei com os pássaros (quase uma rotina, uma agradável rotina, nestes dias de descanso). Lá fora, o tempo avisa: Está quase chegando a hora de regressar. Por isso, há uma chuva fina e persistente. Ainda assim e também por isso, o dia com chuva lá fora é magnífico.

Tenho vontade de entender a perfeição da natureza. Algo que faz, por exemplo, os pássaros seguirem cantando, independente de haver chuva ou fazer sol. Festejam algo, que eu desconfio ser a vida.

Embalado pelos passarinhos, resolvo celebrar produzindo algumas linhas. Abro o computador. Consigo uma nesga de conexão com a internet e vejo que acaba de chegar um e-mail do Celso Grecco. Ele me escreve e eu reproduzo, porque vale a pena:

"Meu amigo,
A propósito (acho) do filme Um Conto Chinês, dia desses falávamos sobre palavras e expressões que só podem ser expressas na língua em que foram criadas, como o espanhol. Olha que video lindo, um texto daqueles que eu queria ter escrito e se o tivesse escrito, acho que descansava em paz e não precisava escrever mais nada. Tem legendas que o traduzem e traduzido também ficou bonito.

Abraços!
Celso."

O texto a que se refere o Celso é em verdade um vídeo de sete minutos e pouco, que contém uma entrevista do escritor uruguaio (autor, entre outros tantos livros, de As Veias Abertas da América Latina), Eduardo Galeano. Galeano é um velho conhecido meu. Não de convivência mútua. Em verdade, ele nem sabe da minha existência. Eu o conheço e o admiro das páginas dos livros, que consumo desde a universidade. E devo dizer que a cada nova leitura, mais surpreso, mais encantado com a sua escrita eu fico.

Como agora, neste exato momento em que o Celso, certamente, lá de Portugal, me faz assistir essa "leitura" e me obriga a concordar com as suas palavras. Eu, como o Celso, fico aqui me perguntando: Como não fui eu que fiz?

Um comentário:

  1. Já tinha delirado com esse vídeo. Bom rever. Sempre bom Eduardo Galeano. Sempre bom passar aqui. bjs

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