quarta-feira, 1 de junho de 2011

Um lençol, uma toalha de mesa

*Por Mariza Poltronieri
Toda família carrega consigo características que as acompanham pela vida. Nossa saída da família primeira, com os pais e irmãos não nos distanciam destas características, pois o que aprendemos lá longe, aqui perto está. Duas coisas dão o tom e o significado do lugar de onde vim: Trabalho e prazer. Muitas vezes nem separados estão.

Cada um dos cinco filhos foi escolhendo o trabalho de acordo com suas paixões, de uma advogada saiu uma designer de interiores, de uma bailarina saiu uma educadora de dança (diferente de um professor), de uma engenheira saiu uma culinarista, de um restauranteur um competidor de longboard, de uma médium uma médica. Independente do que escolhemos tamanha a diversidade, resumo cada uma das profissões mencionadas em arte ou prestação de serviços, ambas precisam de gente e isso é amor.

A engenharia não me deu o amor que precisava, então escolhi as panelas como meu resultado de amor profissional.

Da panela para a mesa.

Todas as vezes que um cliente me pergunta o que é elegante para servir, respondo que não há luxo maior que a alegria, satisfazer o prazer de quem se convida. Não consigo entender um encontro num espaço tão reduzido como numa mesa de jantar, que não seja com quem se gosta. Sentir prazer comendo com estranhos, ou pior, com quem não gostamos é impossível. Comer é prazer, prazer é amor.

Da sala para a cama.

Lembro de uma cena antológica de minha mãe pronta para se deitar. Eu tinha 12 ou 13 anos. Ela veio nos dar boa noite com uma camisola de renda preta, maquiada e perfumada. Perguntei se ia sair e ela disse que não. Qual o propósito da maquiagem então? Resposta simples: “Quando sonhar, quem me olhar no sonho me verá bonita!”. Nem questionei, estava tudo bem. Por anos compramos camisolas para presentear minha mãe (meu pai adorava rasgá-las!). Nas lojas nos mostravam coisas de flanela que não prestariam nem prá bisavó de hoje. Pedíamos as tais camisolas esvoaçantes e entreabertas. Nós não entendíamos a flanela e os vendedores, as rendas. Sexo é prazer, prazer é amor.

Um lençol, uma toalha de mesa.

Ao longo dos anos vamos aprendendo muitas coisas. O paladar é uma soma de informações provocadas por nossa curiosidade em experimentar. Aromas, sabores, cores, texturas são aliados nessa engenhosa formação do prazer. Diferente de nosso instinto, não é mais a fome que nos impulsiona, mas o prazer. Não queremos mais aquilo que é simples e ruim, queremos o simples e absolutamente bom. Repare que se eu alterar paladar por sexo, o texto vale para os dois. Repare também, que é impossível a partilha do prazer se não for com intimidade.

No lençol ou na toalha de mesa, somente com amor.

Neste mês de junho comemoramos o dia dos namorados. Dia propício para inventar com quem temos intimidade e podemos ousar. Há os que negam, mas existe sim, comida afrodisíaca. Quando estamos prontos para o amor, depois daquele monte de beijos e amassos, nossos vasos se dilatam e ficamos absolutamente aquecidos. Há ingredientes muito bons para intensificar essas sensações: canela, gengibre, pimenta e um bom vinho, com cautela, prá não dar sono.

Eu sugiro algo que não dê trabalho para não perder tempo e fazer um charme:

Morangos com açúcar de pimenta:

Ingredientes:

• 01 caixa de morangos lavados e sem tirar as folhinhas prá ficar bonito
• 1 xícara de açúcar cristal
• ½ pimenta dedo de moça sem sementes e picadinha
• ½ colher de sopa de pimenta rosa (não arde e é aromática)
• Palitos de madeira curtos de churrasquinho para espetar os morangos

Preparo:

• Coloque os morangos numa compoteira ou vasilha transparente.
• Coloque os palitos em uma taça ou copo. (se quiser pode forrar meio palito com papel de seda vermelho)
• Coloque o açúcar e as pimentas no liquidificador e bata até que tudo se misture. Despeje a mistura em uma taça com boca larga.
• Para comer, basta espetar os morangos e cobri-los com o açúcar de pimenta.

OBS: A experiência é maravilhosa para comer. Pimenta queima a pele. Nada de surpresas desastrosas. Boa sorte! Ah, ia esquecendo, uma musiquinha: Te devoro, Djavan.

*Mariza Poltronieri é culinarista em Maringá, PR. E tem espaço garantido aqui, para escrever sempre que quiser, sobre alquimia gastronômica. Ou, sobre o que ela desejar.

6 comentários:

  1. Lindo!
    Como foi tudo mto bem colocado.
    Parabéns.

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  2. Obrigada Maranhão, obrigada "Patch da vó Ieda".
    Mariza

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  3. Minha Irmã, Isa, não tá conseguindo postar, mas fez questão de me mandar um recado, que eu divido com vocês. Valeu, Isa. Um beijo, imenso. Taí seu comentário:

    Isabel Viégas Domingues 01 de junho às 18:48 - escreveu:

    A Marisa Poltronieri postou uma crônica "afrodisíaca". Linda. Estás muito bem representado.
    Bjos.

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  4. Mariza , amiga da alma....tudo feito com amor só pode dar certo....seja na mesa ou na cama, seja cozinhando ou escrevendo...Assim como você faz!
    Bjos.
    Silene

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  5. Agradeça a Isabel por mim, Maranhão.
    Não a conheço pessoalmente mas se vcs partilharam o mesmo ninho, já gosto dela!

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  6. tia sua linda.
    EU AMO SEUS TEXTOSSSSSSSSSS!!
    são maravilhosos.. parabens!
    beijo
    ana clara

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