segunda-feira, 13 de junho de 2011

Pessoa, vive. Viva, Pessoa!

Se estivesse vivo, o escritor português Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, completaria 123 anos nesta segunda-feira (13/06). Em Portugal, hoje é feriado. É dia de Santo Antônio. É também quando se comemora o dia de Lisboa.

A data é o marco do início das festas populares que, nessa época do ano, enchem as ruas de gente e deixam o ar tomado por um cheiro inconfundível de comida típica da culinária portuguesa.

Nascido em Lisboa, Fernando Pessoa foi criado em Durban, na África do Sul, onde viveu dos 6 anos até os 17. Por lá, aprendeu a língua inglesa. A partir dela traduziu poemas para o português e criou grande parte de sua produção artística. Em 1905, Fernando Pessoa deixou a família em Durban e voltou sozinho ara Portugal. Fernando Pessoa morreu em Lisboa, sua cidade natal, em 30 de novembro de 1935, aos 47 anos, de cirrose hepática. Mas sua obra permanece viva. Mais viva do que nunca.

Dia destes, tive a oportunidade rara de conversar com ele. Foi uma conversa breve e recheada de emoção. Uma conversa definitiva, que transcrevo no texto logo aí abaixo.

Caminhando pelas ruas de Lisboa, cheguei ao Largo do Chiado. Passava um pouco do meio-dia quando cruzei a Rua da Misericórdia, desci até a Rua do Alecrim e parei em frente à Brasileira. Lá, encontrei Fernando Pessoa. Ele me chamou para sentar à mesa. Estava sozinho, como se me esperasse há tempos.
 Falou-me das coisas daqui. Dos seus três “eus” – Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. De como resiste ao tempo, vendo o tempo passar numa Lisboa que se mostra modificada.

Mansamente, me disse que já não vê velhos amigos. Lembrou de amores antigos, mas não demonstrou frustração. Falou-me do seu assombro com a pressa das pessoas e das coisas. Lamentou não ter alcançado a destreza dos Ipads, a velocidade da informação, a internet...

Mas no momento seguinte, arrumando o chapéu e sorvendo um gole de ginja, agradeceu ao tempo pela longevidade dos seus versos.Ouvi calado. Quase em prece. Como quem ouve uma divindade. Como quem faz uma oração.

Ele calou-se. O sol, os pombos, o homem do bar, as pedras da ladeira. O tempo a passar. Por trás dos óculos, Pessoa. Antes de sair fiz uma última pergunta: Valeu a pena? Ao que ele, com um breve sorriso no canto da boca, me respondeu: - Tudo vale a pena, se a alma não é pequena!

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