domingo, 28 de março de 2010

A molequinha linda que faltava na MPB!


Volta e meia, um novo nome surge na MPB. O mais recente tem nome e sobrenome: Maria Gadú. Ontem fomos ver o show da menina. Sim, uma menina. 22 anos de idade, paulistana, Maria Gadú, em pouco tempo de vida, já disse a que veio. Veio para ficar.

Em sua página na internet, ela conta, num vídeo release, que toca e canta desde os seis anos de idade. Aos quatorze, quando as colegas de escola planejavam a festa de debutante, ela já trabalhava, cantando e tocando nos bares, à noite.
Sua formação musical é rica. Ela mesma conta que na infância ouviu muita música clássica. Deve se originar aí a intimidade com os instrumentos e as variantes vocais de delicadeza indiscutível.

Sobre as influências musicais, ela confessa: Além dos clássicos – aos seis anos causou a maior surpresa ao tocar um piano em público, dentro de um shopping – cita Adoniran Barbosa e Mariza Monte.

Durante o show as influências ficam evidentes. Ela é impressionante em 100% do tempo. Surpreende quando faz uma ponte melódica incomum, juntando "Filosofia", de Noel Rosa, num arranjo tão moderno, roqueiro e inovador, a “You know I’m no Good”, de Amy Winehouse. (confira no link, aí embaixo)

Depois, manda ver, em Altar Particular, um samba legítimo que carrega na raiz a alma de Nelson Cavaquinho e Marisa Monte, ao mesmo tempo.

Maria não para. Não tem limite, não tem vergonha. Faz uma música melosa da Sandy virar um musicão. Abre um relicário emocional para homenagear a avó Cila. Passeia por Paralamas e Alanis Morissette; transforma “Ne Me Quitte Pas” em tango, tudo sem perder o jeito de moleca. Uma menina madura. Capaz de compreender e resistir a um público muitas vezes indisciplinado, muitas vezes deslumbrado – a ponto de beirar a má educação. Uma mulher, pronta pra estrada.

Não gosto de comparações, mas vi ali, no palco, uma sucessora à altura, alguém capaz de aplacar um pouco o vazio deixado por Cássia Eller no universo feminino da MPB. E o que é mais impressionante, com a possibilidade de ir além. Pela molecagem, pela beleza da voz, pela versatilidade e pela capacidade de inventar.

E como não podia deixar de ser, fazendo show em Brasília, no dia do aniversário de Renato Russo (ele faria 50, ontem, se estivesse vivo), Maria Gadú cravou uma pedra de toque na música brasileira. Ousou fazer uma interpretação nova, pessoal, de Faroeste Caboclo, uma das mais longas músicas da Legião Urbana. Icone musical de uma geração inteira de seguidores de Renato, a música ganhou o que a gente costuma chamar de versão definitiva.

Maria Gadú chegou a mim pelas mãos da Mara. Um dia ela me ligou, esfuziante, incontida: Você precisa ouvir isso. Ela estava certa. Eu precisava mesmo.

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