domingo, 23 de março de 2014

Carta para Ana Miranda

Ana Miranda - Foto Marcelo Bessa / 2011
Querida Ana Miranda 
(me permita o querida, ele é verdadeiro e respeitoso).

Não nos conhecemos fisicamente.
Entretanto, eu te conheço de longa data.
Para ser mais exato, desde quando o meu amigo e jornalista Luca Maribondo surgiu com a informação de que era teu parente (primo, ele dizia). Adoro o Luca. Mas custei a levá-lo a sério nessa história. 

Entretanto, sendo ou não verdadeira, ela me serviu para estabelecer uma ponte definitiva contigo. Viramos amigos íntimos, ainda que não saibas disso.

Impulsionado pelas primeiras leituras, fui atrás de outros escritos e de teus contos, e de teus livros, e de tua poesia. Fiquei encantado com a tua forma de contar histórias. Meus olhos se fartaram de emoção lendo "Prece a uma aldeia perdida"

Cruzas o meu caminho mesmo sem querer. A cada domingo, troco impressões com meu pai sobre um espaço destinado a crônicas no Correio Braziliense. Ele me fala de Affonso Romano de Sant'Anna, com quem divides o espaço. Eu falo de ti. E assim seguimos numa jornada literária que não tem fim. 

Hoje, especialmente, fiquei comovido, extasiado, encantado. 
Poucas vezes na vida li uma declaração de amor tão explícita como a que fizestes a Arduino Colasanti


Pelas tuas linhas, percorri uma Brasília imaginária.
Vislumbrei a Escola Classe, a árvore plantada, o céu de Brasília. Pelas tuas 
mãos, reconstruí a imagem de um homem/mito, um semideus, um Apolo (ou um Netuno) em carne e osso - e ainda mais, sensível, terreno, ao alcance das mãos. 

Arduino em três tempos: Surfista...


…Galã...


… e mito.
Depois de te ler, vou passar algumas noites tentando traçar a linha celeste,
a partir do Cruzeiro do Sul, que me dê um rumo qualquer. O necessário para  que eu possa dizer - Sim, compreendi a língua das estrelas, que Arduino ensinou a Ana

Teus dedos generosos me fizeram acreditar em um amor maduro. Algo que me seduz cada vez mais - a tranquilidade e a simplicidade de viver. 

Está ai um tipo de amor que certamente a gente só enxerga depois de ter vivido.
Ou, de forma lírica, quando se lê a voz de outro, contando uma história viva. Contraditório? Pois, que seja.

Tua escrita é quase uma declamação. Não sei de tua voz, mas te ouço falando cada uma daquelas palavras. E justo essa sensação me encheu de coragem para te escrever. Para te agradecer por temperar o meu domingo. 

Obrigado pelo seu amor, Ana. Onde quer que esteja, Arduino estará envaidecido pela oportunidade de ter merecido uma escrita assim. Um amor assim. Uma mulher assim.  


Arduino Colasanti - Foto de Leonardo Aversa

2 comentários:

  1. Acabo de receber uma mensagem da Ana Miranda e divido com todos vocês:

    Ana Miranda
    14:50 (Há 1 minuto)

    Querido Inorbel, um querido também verdadeiro, após a leitura de sua carta...
    Tão bonita, comovente, fiquei muito tocada com seus sentimentos, você é uma pessoa especial.
    Grata por me escrever essa carta.
    São esses gestos de carinho que nos ajudam a viver, como diz a música.
    Abraço afetuoso, da
    Ana

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  2. Realmente...vcs dois são muito especiais.... fizeram me sentir poesia ... e olha que com saudade a gente não brinca...são imensas as coisas que podem acontecer com gente que sente isso...agradeço talmbém...de alma lavada por entender e saber que alguém que é amiga de um amigo e prima de um ídolo existe e amou de verdade.

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