segunda-feira, 3 de março de 2014

Duas mulheres, um homem

Histórias cruzadas. 
Duas mulheres e um homem. Eles foram protagonistas de três momentos históricos separados, por um oceano de distância, alguns milhares de dólares e uma carrada de preconceito. Na essência, três histórias que se cruzam no momento fugaz do sucesso e da dor, na TV.

Jéssica Mara
No primeiro instante, Jéssica Mara, uma menina de 22 anos, natural de Volta Redonda que é modelo e desfilou pela primeira vez em uma escola de samba, do Rio de Janeiro - a Caprichosos de Pilares.

A beleza úmida de Jéssica, sobre o carro alegórico que representava o Aqueduto da Lapa, fala por si só. Lembra uma outra modelo negra, que fez sucesso tanto no carnaval carioca da década de 80, quanto na corte do príncipe Charles - Piná. Seu sucesso repentino não apaga sua história de luta para ser alguém. Foi o primeiro carnaval, certamente, de muitos que virão para por nos trilhos o seu destino de menina vitoriosa.

Lupita Nyong'o
No segundo momento, uma mexicana, filha de quenianos, que viveu no Quênia até os 16 anos e depois mudou-se para os Estados Unidos. Lupita Nyong'o, cujo nome é uma variante carinhosa de Nossa Senhora de Guadalupe, protagonizou um feito histórico, foi a primeira a ganhar um Oscar de melhor atriz coadjuvante por sua participação no também premiado "12  anos de escravidão".

Ao receber o prêmio, emocionada, ela disse, não importa de onde você venha. Seus sonhos sempre valem a pena.

Vinícius Romão de Souza
Por fim,  Vinícius Romão de Souza, um jovem negro brasileiro, de 27 anos, formado em psicologia e artes. A história de Vinícius foi a  menos glamurosa das três aqui relatadas. Ele foi confundido com um assaltante que teria roubado a bolsa de uma enfermeira, no Meier, bairro do RJ. Vinícius saía do trabalho, mas não chegou em casa. Apesar de se dizer inocente, foi preso.

Passou 16 dias na prisão até que a força de uma campanha dos seus amigos e o clamor contra o erro fizeram com que a mulher que teve a bolsa roubada prestasse um novo depoimento e assumisse o erro de identidade ao identifica o ladrão. Vinícius foi solto. Ao sair, perdoou a enfermeira que lhe confundiu com um ladrão, mas avisou que vai buscar justiça.

Vinícius, livre. 
Três histórias em que realidade e ficção se misturam. Em comum, elas carregam a força da dignidade contra o preconceito, a pobreza e a discriminação. Por si só, valem um filme, digno de Oscar.  

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