Por Matta Machado
Matta Machado |
Abel gostava de cachaça, mas via-se muito tolhido em seu
salutar hábito de ficar bêbado. Em sua casa portas da rua trancadas. Ele
vigiado, quase amarrado. Abel é um assombro porque mesmo assim, mostra-se compreensivo.
Cordato com todas essas injúrias conforma-se com a prisão …
Os dias passam. Agora ele, sem gritos, sem rancores, sem
alarde, consegue mais de uma vez embriagar-se. Para espanto e indignação de
seus algozes. Ele foge? Como? A
bebida só pode estar escondida, concluem. Reviram a casa, os armários, as gavetas,
as prateleiras, o inferno. E nada. Aonde fica escondida essa maldita pinga? Abel
está agora ressabiado. De soslaio, caladinho observa a revolução que aprontam
em sua casa. A mulher, os filhos, as empregadas, seus cunhados, seus vizinhos, todos
desesperados para encontrar as bebidas.
Um dia rindo, gozando, debochando-se de todos, contou
(num botequim - é evidente) a sua mágica: no vasto quintal de sua casa havia
cajueiros carregados. Ardiloso, paciente e previdente, injetara, com todo
capricho, umas dezenas doses de pinga em cada fruto quase maduro.
Passava os dias... Comendo e bebendo.
Caju
- é claro.
Salute!!
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