No carro um CD reproduz o disco Ária, de Djavan. E ele canta Luz e Mistério, uma antiga canção de Beto Guedes e Caetano Veloso, que me faz viajar no tempo e lembrar de amigos da faculdade. Pensei em Abnel de Souza Lima Filho, um "amigo-irmão-caminhoneiro", expressão popular que se usa para definir grandes amigos, em alguma região deste imenso país.
Bate uma saudade imensa dele. E uma raiva também. Por que é que a gente se perde no caminho? Por que é que algumas amizades sinceras silenciam diante do tempo e da geografia? Não. Essa não. Pego o celular e procuro um número. Me recordo que sempre guardei um número de contato do Abnel, que continua a morar no Sul, em Canoas, pelo que sei.
Teclo sem me importar com o fato de já ser tarde da noite - um pouco embalado pelo estado de sensibilidade que o vinho me provocou. Do outro lado da linha uma voz conhecida atende. Abnel. Nos falamos como se não houvesse tempo, nem distância, nem geografia a nos separar.
Velhos amigos não passam e amizades sinceras nunca se desfazem. Aumentei o volume. Ele escutou Djavan, cantando Beto Guedes. Perguntou sobre Mara e as crianças. Perguntou da vida. Falamos compulsivamente por longos minutos, como quem recupera um hiato no tempo, como quem salta um abismo e alcança o outro lado. Combinamos não deixar mais o tempo ampliar a distância. A noite fechou com um sabor diferente. Velhos amigos não passam.
Velhos amigos passeiam. O tempo é um lugar.
ResponderExcluir...E na grande caminhada da vida novos amigos aparecem! Foi um grande prazer conhecê-lo. Foi um grande prazer conhecer a Mara! Um abraço de início de amizade!
ResponderExcluirValeu, Adalis! Seja bem-vinda à milha lista de amigos nada virtuais. Grande abraço ao Leo, também.
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