terça-feira, 7 de agosto de 2012

Meus heróis, aos 70

O texto é antigo. Foi escrito em agosto de 2012. Por alguma razão que eu não sei explicar, não foi pro ar. Ficou guardado na caixa de rascunhos. Hoje, o reencontrei. Acho que merece a publicação. Pois, ai vai:

Caetano Veloso
Caetano faz 70. Gil, Paulinho da Viola e Milton, também. Meus heróis setentões em nada lembram aquela imagem de senhores de 70 anos que o nosso imaginário supunha aos outros, quando éramos crianças.

Gilberto Gil
Paulinho da Viola
Milton Nascimento
Pensando assim, o tempo passou de bem com eles.

Fico aqui forçando a cachola para lembrar quando foi que ouvi Caetano pela primeira vez. Qual foi a primeira música? O primeiro disco? E não me vejo com competência para tamanho detalhe.

O Milton Nascimento eu sei quem me apresentou: Adir, um colega de faculdade de meu primo Carlinhos. Corriam os meados dos anos 70. Eu vivia na casa dos meus tios e Belinha, lá em São Luis. Era uma temporada de estudos. E Carlinhos, comigo, formava uma dupla de agregados. Ele, vindo de Fortaleza. Eu, de Foz do Iguaçu.

Naquele ano, eu conheci a turma de faculdade dele. E eu era uma espécie de "café com leite", o xodó das meninas (todas muito mais velhas do que eu, aos quinze). Carlinhos odiava que eu fosse junto nos programas da turma, que ao final, era dele. Mas todos eles me adotaram e isso significou um ganho de conhecimento e de amadurecimento pra mim.

Foi na casa de Adir, na beira da praia, que conheci uma fabulosa coleção de MPB cuja base era formada por Milton, Caetano, Gil, Gal, Elis, João Gilberto e Vinícius. As tarde de domingo na casa do Adir foram a minha escola auditiva. Aprendi a ouvir música brasileira de toda a espécie, mas sobretudo, de boa qualidade.

Uma em especial me tomou de vez, a música de Milton. O Clube da Esquina. Aqueles meninos de Minas Gerais entraram em minha vida pra nunca mais sair.

Caetano e Dona Canô
Hoje, me peguei pensando nisso ao ouvir Dona Canô, mãe de Caetano responder a um repórter de TV não com uma resposta, mas com uma interjeição: 70 anos, Caetano tá velho, né? - Dizia ela com aquele olharzinho vívido, do alto dos seus 104.

Pensei comigo: Tá não, Dona Canô. Como ele mesmo profetiza em uma de suas canções:
"Eu vi muitos cabelos brancos
na fonte do artista,
o tempo não pára
e, no entanto,
ele nunca envelhece".


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