sábado, 23 de julho de 2011

O mundo está mais pobre

Mariana, minha filha me ligou. - Pai, onde você está? Estou a caminho de casa, já chego. - Pai, você viu?... (com a voz meio embargada). Cinco segundos de apreensão. Cinco absurdos segundos, até ela soltar a voz. - A Amy... Foi encontrada morta, agora há pouco.

Amy Winehouse. Era de quem ela falava, com o coração dolorido, eu sei. Do mesmo jeito que um dia eu também falei pra ela, com o coração cheio de dor, sobre a partida da Cássia Eller. Crônica de uma morte anunciada. De alguma forma, a gente já esperava. Não há surpresa, há dor. Os meus ídolos e os da Mariana, continuam os mesmos. Exatamente como na canção. E como diz a minha comadre Margarida Marques, hoje, o mundo acabou de ficar um pouco mais pobre.

Em minha cabeça vai ficar para sempre uma das interpretações mais envolventes da Amy, Back to Black, ao vivo, em Londres. Justo a música que eu mais ouvi durante o período de campanha politica, quando eu vivi no Norte de Minas Gerais, em 2008. O disco foi presente de Mariana, antes de eu embarcar. Ele embalou muito a minha solidão. A minha companhia. A minha vida. E embora ela já tenha ido daqui, vai continuar embalando.

Back to Black. Quando escuto essa música de olhos fechados, enxergo Billie Holliday. E penso comigo que as duas se completam. Amy e Billie. Pra Mariana. No melhor de Amy. Pra matar a saudade. E para carimbar o passaporte da Amy para a eternidade.

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