Aí embaixo, conto rapidamente uma história curta. Que me foi relatada por um dos protagonistas - o Luis que ficou. É só uma da centenas de histórias que formam o imenso quebra-cabeças dessa saga revolucionária e trágica.
Dia do embarque. Marca o reinício da guerrilha na selva. |
Eram dois. Tornaram-se um. Um único, forjado no que restou da aventura do outro. Resignado a recolher fragmentos da história que lhe permitam responder a uma pergunta irrespondível – por que?
Carlos. O Luis que se foi. |
Luis (a quem todos chamam de Chino) tinha doze anos e era o irmão mais novo de Carlos. Quando decidiu ingressar na guerrilha, Carlos assumiu o nome do irmão como nome de guerra. Era uma homenagem, uma forma de tê-lo sempre junto, argumentava.
Os dois viraram um naquele instante. Para o bem e para o mal. Naquele exato momento. O Luis que partiu se foi para sempre. Dele restou a imagem difusa em uma foto do último dia. Tirada na hora do embarque, na praça. O Luis que ficou tem na mente a imagem do comboio sumindo na estrada e se perdendo entre as montanhas e as nuvens. Levava o seu Luis e muitos outros. Não imaginava que fosse para sempre.
Luis. O irmão que ficou. |
Quarenta anos se passaram. Este insiste em resgatar o passado daquele. Insiste em dar dignidade a seu irmão e seus companheiros de luta. Mesmo sem compreender as razões que o levaram a Teoponte. O Luis que ficou aceita a história. Não aceita a saudade.
Para Chino (Luis Navarro)
Em memória de seu irmão Luis (Carlos Navarro)
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