sexta-feira, 20 de maio de 2011

Pouquinho tempo. Possível e bom.


Dedé e Edna
 Acabo de chegar em casa e abro o e-mail. Minha comadre Edna me escreve. Meio atrapalhada. Acho que ela tomou umas  a mais. Com todo direito. O Dedé, aquele menino, que em origem se chama André, acaba de virar "adevogado".

Dedé é um menino lindo, que a gente viu crescer. Ele deve ficar meio desajeitado, ao ser chamado de Dedé, porque isso era coisa da gente, lá atrás. Da gente, que eu falo, nós, os pais dele e dos amigos dele, que nem Mariana, minha filha. Traduzindo, nós.

Dedé cresceu vendo a gente se reunir para celebrar. Bebendo cerveja,  fazendo churrasco. Chorando e sorrindo, ou o que houvesse de ser. Devendo, pagando.  Escrevendo histórias dos outros e fazendo a nossa própria. Num tempo em que não havia tanta virtualidade.

Então, a gente levava tempo pra viver. Talvez, essa seja a maior diferença entre aquele tempo e esse. O tempo de viver.  Um tempo mais lento, e por isso, mais cadenciado. E por ser mais cadenciado, mais vivido.

A gente esperava as coisas acontecerem e elas aconteciam, a seu tempo. A gente fazia as coisas acontecerem e elas, por mais incrível que pareça, aconteciam. Hoje, é diferente. Hoje as coisas acontecem sem a gente saber. E quando a gente sabe, elas já aconteceram. E "correr atrás" virou moda. Uma moda literal.

Por isso, hoje, ao fim do dia, eu comemoro um pouquinho do tempo. Possível e bom. Possível de se perceber. Bom de se viver. E reparto, à distância, essa alegria besta. De alcançar um rumo, de vencer uma etapa que um dia a gente sonhou.

O sonho de ver os nossos filhos virarem gente. Enquanto a gente ainda tem capacidade de viver. Um tempo qualquer. Pouquinho, possível e bom.

2 comentários:

  1. Com todo o direito! Eu esclareço: O título desse post tem a ver com um texto que me foi enviado, um tempo atrás, pela Olívia.

    A referência era boa, o título, bom. Tomei emprestado. Por uma boa causa.

    Valeu, querida. Obrigado pela companhia.

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