A última imagem que vi da Bolívia, foi também a primeira que vi na varanda de Liliana |
Acabo de pisar em solo brasileiro outra vez. Minha chegada coincide também com o final da leitura do livro “A Resistência”, em espanhol, do escritor Ernesto Sábato, que morreu no dia primeiro de maio, sábado passado. O livro eu ganhei de Liliana Bayá, arquiteta boliviana com quem estive nestes últimos quatro dias. O presente é cheio de simbolismo e coincidências.
A partir da esquerda: Javier, Valeria, Pocho, Sérgio, Gustavo, Roberto, Cecilia, Maranhão, Jorge, Klaus, Pablo, Luis, Alejandro e Ramon |
Por tudo o que restou desse episódio, é possível concluir que havia muito idealismo e pouca experiência. E talvez a inexperiência em viver na selva, a falta de treinamento para a luta armada, as condições absolutamente inóspitas a que estiveram submetidos por mais de cem dias, tenham sido os elementos cruciais para o desfecho trágico.
Dos 67 jovens, 58 morreram. Alguns, de fome. Outros, vítimas dos próprios líderes do grupo. A maioria, 55 deles, foi morta por soldados do exército que cumpriam ordens de não fazer prisioneiros. De uma vez só, perderam a vida e entraram para a história pela porta do esquecimento. O longa-metragem que está sendo gestado tem origem no longo estudo feito pelo escritor boliviano, Gustavo Rodriguez Ostria. O estudo resultou num livro - Teoponte, a outra guerrilha guevarista na Bolívia. E se tudo caminhar como imaginamos, vai virar um filme em breve.
Liliana Bayá |
Há aí alguma coincidência. Minha viagem à Bolívia me permitiu conhecer um pedaço da história que nem mesmo os bolivianos conheciam direito. Esses meninos idealistas ficaram esquecidos e desaparecidos da história por mais de quarenta anos. Liliana me alcança um livro de Sábato que foi, entre outras coisas, presidente de uma comissão que investigou os desaparecidos, vítimas do regime militar, na Argentina.
Nestes dias de Bolívia, trabalhei intensamente com um grupo de 14 pessoas, entre roteiristas, cineastas, escritores, produtores, parentes do grupo de jovens que desapareceu em Teoponte (uma região da selva boliviana que fica a 8 horas de viagem, partindo de La Paz), políticos e técnicos de produção. Gente apaixonada e apaixonante. Mais uma coincidência, desta vez, comigo. Como eu mesmo digo na minha apresentação aqui no blog, não sei viver sem paixão.
Ernesto Sábato |
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