terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Darcy na cabeça

Ontem foi dia de Darcy. Festa no Beijódromo, Lula do Brasil e José Mojica do Uruguai na UnB, muitos convidados e muito calor. Um sol escaldante marcou a solenidade de inauguração do espaço destinado a guardar o acervo de Darcy e a estimular o livre pensamento, as idéias revolucionárias, a paixão pela vida. Houve quem, literalmente, levasse Darcy à cabeça - para se proteger do sol e, quem sabe, para arejar as idéias.


Paulinho Ribeiro fez um discurso emocionado, cheio de citações e referências à vida, ao pensamento e aos amores de Darcy. Teve que falar alto até quase perder a voz. É que lá no fundo, numa área defronte ao palco, um grupo de estudantes - tomados por um espírito de porco qualquer, natural dessa fase da vida onde protestar contra tudo e por qualquer coisa é item obrigatório da cartilha do aprendizado - gritava sem parar, palavras de ordem em defesa da educação, contra a corrupção, pela libertação da palestina, pela falta de dinheiro para construir a casa do estudante... Só interrompiam os gritos por outros gritos quando o nome de Lula era citado.

Mas a tarde foi de uma eomoção pessoal e intransferível para mim também. Gabriel, meu filho, assistiu a tudo comigo. Sob um sol de quase 40º. Ouviu Paulinho, ouviu Lula, ouviu Mojica e conheceu meus amigos montesclarenses: Ucho, irmão de Paulinho, e João Rodrigues, artista plástico e ex-secretário municipal de cultura de Montes Claros.


Ucho e João - bons amigos do sertão, no Planalto Central

Ucho foi quem me viu primeiro. Me chamou, falou que tem lido o blog e pôs a casa à disposição para uma temporada de descanso. Dessa casa, onde Ucho se refugia eu já falei aqui. Depois, veio João, emocionado com a orquestra de Rabecas que ele ajudou a criar. Me disse que o projeto resiste, mas que a luteria não existe mais. Falou da emoção daqueles homens rudes e verdadeiros, que nunca tinham saído para tão longe do sertão e que ficaram encantados com Brasília, com os presidentes, com a festa, com tudo.

Vi Paulinho de longe, um aceno e um sorriso, suficientes para compreender a alegria daquele momento. Laura eu vi de perto. Um abraço de agradecimento pelo convite e por estar ali. Darcy na cabeça e ouvidos atentos ao que disse o presidente José Mujica, antes de se despedir: Um monumento como o beijódromo só tem razão de existir se for ocupado de verdade para produzir novos pensamentos, para fazer mais pela vida. Para perpetuar a paixão, combustível que moveu Darcy no curtíssimo período em que esteve entre nós. É isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário