sábado, 25 de dezembro de 2010

Mucuripe

Foto: Chico Albuquerque
Meus olhos correm a barra do mar. Mucuripe. De onde saem centenas, milhares de barcos para pescar, todos os dias. Mucuripe. Onde os homens chegam aos primeiros raios de sol, com seu barquinhos frágeis feito uma casca de côco, cortanto a linha do horizonte, até chegar à praia.

Mucuripe. O mercado dos peixes toma vida. Gritos, gritos, cheiro de peixe, gente, cheiro de mar, vida que balança à deriva. Comida que mata a fome de quem tem. E os barcos lá, a partir e chegar numa sequência sem fim, que nunca acaba ao por do sol. Nem nunca cessa ao nascer do dia. Mucuripe.

Diante do vai e vem, do frenesi dos pescadores e seus peixes, meus olhos param em um barco desfeito, ou quase. As ondas lambem sua borda num breve convite à viagem. Ele lá. Imóvel. Esquecido no tempo. Barco sem mar, sem gente, sem rumo, sem rota. Mucuripe.

Berço da vida, cemitério de barcos. E a vida em ondas, indo e vindo, como o mar.

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