sábado, 3 de março de 2012

Algazarra


Na casa onde moro, há dois momentos do dia que se repetem sempre e, mesmo assim, nunca são iguais. Quando amanhece e quando o sol se põe as copas das árvores são ocupadas por dezenas de passarinhos que fazem uma algazarra sem par. Caturritas, pardais, bem-te-vis, se deslocam de galho em galho, sobrevoam uns em torno dos outros como num encontro de velhos amigos ou como novos namorados.

Parecem alegres. E devem ser mesmo. Não tenho na memória a imagem de pássaros tristes. A própria palavra que os denomina - pássaros - parece estar envolta em uma lufada de vento, que carrega um frescor típico da natureza em harmonia.

A algazarra que eles produzem quebra o silêncio e espanta pra bem longe qualquer propensão à tristeza. Não sei de onde tiram tanta alegria. Mas a recebo como um presente divino. Que chega sem avisar, pra brindar o nascer dia e o cair da tarde. Sem se importar com outra coisa senão com a magia de se estar vivo.  

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