quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Porta Negra

Vânia e Soli Santos
Soli Santos e Vânia são amigos que conheci em viagem. Dessas amizades que começam casualmente e se tornam mais sólidas à medida que o tempo passa. Ontem, Soli me escreveu: "Maranhão, como é o nome daquela cidade onde existe uma construção romana, chamada de Porta Negra? Em que país fica? Tens fotos?"

Soli e Vânia têm mais tempo de vida do que eu. E começaram, não faz muito, uma nova etapa, libertos dos afazeres domésticos e desprendidos de suas raízes gaúchas. Quando a vontade bate, eles dizem, juntam um par de roupas nas malas e seguem viagem, com destinos cada vez mais distantes.

Das duas, uma. Ou bateu uma saudade daquela viagem onde nos encontramos, ou o Soli está preparando um roteiro para uma nova investida. Pois, que seja. A pergunta dele me fez buscar na memória aquele momento.

A cidade a que ele se refere é Trier e fica na Alemanha, bem pertinho do Rio Mosela. É lá que encontra-se uma bela construção romana denominada Porta Negra (ou Nigra, em latim).

Porta Negra
Conta a história que Trier foi tomada por legionários romanos a serviço de Júlio César, em 56 a. C., durante a Guerra das Gálias, logo sofrendo as modificações próprias da Romanização. Era mania dos construtores romanos erguerem fortificações que pudessem ter tanto de belo como de sólido.

É o caso deste imponente edifício, obra defensiva robusta, atendendo ao carácter estratégico da cidade e sua localização numa fronteira perigosa. A Porta Negra é ladeada por paredes formadas por enormes pedras de cantaria apenas justapostas e sem qualquer tipo de "cimento". Falsas janelas e colunas exteriores, à boa maneira romana, ornamentam o edifício, assim ele tem uma estética bem mais agradável do que a sua função militar original lhe conferia.

O povo de Trier, admirador do seu monumento mais célebre, tratou logo na Idade Média de lhe levantar uma igreja românica. O escurecimento das pedras ao longo dos séculos deu o nome a esta construção, situada na primeira capital belga, já antes residência de imperadores romanos.

Devo dizer que a imponência da construção obriga a gente pensar na nossa pequenês humana. Como quase tudo o que se vê na velha Europa. Um jogo do tempo que mistura o velho (quase perene) e o novo, supreendente e arrojado. No dia em que passei pela Porta Negra, o sabor universal de um café quente me tomou a boca. Agora, nesse instante, pensando lá, escrevendo aqui, me alegro e me comovo. E agradeço a lembrança. Para onde quer que vá, Valeu, Soli. Grande abraço, beijo na Vânia e boa viagem aos dois.  

Um comentário:

  1. O novo é para nos dar conforto, o velho para nos confortar. Penso que é muito bom juntar os dois.

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