terça-feira, 13 de abril de 2010

Moleque bom!


Maurilo Andreas (assim mesmo, como ele sempre diz, Maurilo) é um moleque sangue bom, com quem trabalhei em Minas Gerais. Primeiro, nos cruzamos em BH. Numa tarde de criação, na Casca de Noz. O trabalho rendeu pouco. Mas o que rendeu mesmo, nossa amizade, parece que vai longe. Depois, tivemos uma curta - e definitiva - temporada de campanha política, em Montes Claros.

Ele é o cara do Pastelzinho. Um blog que compara a vida a um pastel: estranha por fora e recheada de coisas esquisitas. É lá no blog que ele faz - na minha modesta opinião - alguns dos seus melhores experimentos literários. Suas brincadeiras sérias. Suas molecagens desmedidas.

Brincando com letras, ele nos faz pensar. Suas linhas já revelaram ao mundo Sofia, sua filhota, que é linda e tem uma fórmula, também moleca, de fazê-lo fugir do mau humor.

Maurilo é dono do belo texto aí abaixo. Uma reflexão sobre a arte de convencer através da publicidade. É um texto crítico, mordaz e autêntico. Um insight publicitário-autofágico. Desses que a gente custa a encontrar neste mar de superficialidade.

Vou postar um pedaço do texto aqui. Se achar que eu tenho alguma razão, vá atrás do final, lá no pastelzinho. Acho que você vai curtir.

Todo aquele desejo que eu inventei para você

Charles Barkley foi, na minha opinião, um dos 50 melhores jogadores de basquete de todos os tempos. Além disso, "Sir" Charles é uma peça rara e autor de dezenas de frases espirituosas que serviriam para encher um livro.

Para mim, foi ele quem disse a frase definitiva sobre propaganda e as ilusões que ela cria.

"These are my new shoes. They're good shoes. They won't make you rich like me, they won't make you rebound like me, they definitely won't make you handsome like me. They'll only make you have shoes like me. That's it."

Eu ainda gosto muito de trabalhar com publicidade. É uma daquelas áreas que te permite olhar as coisas por ângulos diferentes, buscar o inusitado ao invés da norma e, principalemnte, não trabalhar de terno. Pelo menos na teoria é assim.

No entanto, eu tenho cada vez mais restrições ao papel da publicidade na sociedade: nós criamos ilusões. Talvez por isso a nova era da comunicação que parece surgir me alivie tanto. Me parece mais "moralmente" correto dialogar com quem tentamos convencer do que iludir a quem tentamos convencer.

Na maior parte do tempo nós não alimentamos o consumidor de informações, não colaboramos com o consumo consciente e nem melhoramos as novas gerações. Pelo menos não de maneira consistente ou remotamente regular. São raríssimos os momentos em que podemos pensar menos no truque e mais no espectador.

Nós vendemos ilusões.


Gostou?? Então curta o final do texto aqui.

Um comentário:

  1. Não consegui que meu comentário aparecesse no dia, mas tento de novo agora para dizer que entro aqui e sempre me bate uma imensa sensação de que preciso aprender muito ainda sobre escrever e enxergar o mundo. Me ver citado é alegria demais. Obrigado, Maranhão.

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