terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carnaval com Simonal

Wilson Simonal

O documentário é antigo, foi lançado em 2009. Mas ontem, zapeando pra fugir das bundas siliconadas montadas sobre pernas de estivador em que se transformaram as mulheres que são destaques nas escolas de samba do carnaval brasileiro, dei de cara com o a história do Wilson Simonal.

Eu já tinha lido sobre o filme mas não o tinha assistido ainda. Na prática, é o resgate de uma história mal contada, que virou uma sentença de morte lenta. A pior possível.

"Ninguém sabe o duro que dei".
Nas década de 60, Wilson Simonal era um negrão descolado, inteligente, bonito, famoso e rico. Era um ícone da pré-história do show business brasileiro. Rivalizava com os ídolos brancos da Jovem Guarda e tinha moral pra botar a banca que botava. Emplacava um sucesso atrás do outro. Era dono de horário nobre na televisão. Era topetudo. Uma espécie de Romário do seu tempo. Falava o que pensava. E no fim, pagou pela ingenuidade e pela língua solta.

Num tempo em que a globalização não passava de teoria, Simonal foi uma vítima globalizada. Cometeu um erro em seu quintal e pagou pública e nacionalmente. Foi execrado, perdeu espaço na mídia e caiu em desgraça.

Seu erro parece ter sido ter medo na hora errada. Imaginou um roubo, um desfalque na empresa, acusou, buscou meios informais para apurar e depois que a confusão estava feita, faltou orientação, faltou coragem, faltou humildade para corrigir a rota.

Mas isso só pode ser pensado e dito hoje, muito anos depois da história ter acontecido. A história de Simonal é a história refletida, pensada, analisada.

O documentário escrito e dirigido por Cláudio Manoel, Calvito Leal e Micael Langer é uma reconstituição fiel do que aconteceu por meio de testemunhais. Inclusive, do contador que foi acusado e que se tornou peça chave da história. Inclusive, dos caras do Pasquim, Ziraldo e Jaguar, que nunca aliviaram a barra dele e, de certa forma, carimbaram o passaporte dele para o ostracismo.

Claro, Simonal tem responsabilidade pelo que aconteceu, também. Muita. Mas eu não tenho a menor dúvida que o preço pago por ele foi  maior do que podia suportar. Felizmente, há espaço para recuperar a história dele na música. O papel dele na MPB e a importância daquele momento.

Um desses momentos mais ricos, no auge do sucesso, é o encontro com Sarah Vaughan. Um espetáculo vivo, intenso e carinhoso. aperte o play e confira.


Isso, que Simonal não falava uma vírgula em inglês. Mas tinha um domínio de cena inacreditável. Decorava as músicas e dava a elas um swing que muito negrão americano não tinha.

O documentário está nas locadoras. E vale a pena ver. Confira o trailer ai embaixo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário