|
Marcelo Oliveira |
Marcelo Oliveira é um amigo arquiteto, pai de Isadora, de Lina e de Bianca, com quem convivi de perto em Mato Grosso do Sul. Quem o vê pela primeira vez é capaz de enxergar traços nipônicos em sua feição, mas ele faz questão de esclarecer que esses traços decorrem de sua raíz india. Bugre, como ele mesmo gosta de se auto-denominar, numa referência aos índios pantaneiros.
Marcelo é dado aos esportes radicias. Partica voos de parapente e faz canoagem. Mês passado, ele me escreveu contando os detalhes de uma curta e saborosa aventura pelo
Rio Coxim, num trecho que ficou conhecido há muito tempo como
"Rota das Monções". Ele e mais três amigos desbravaram o rio pelo puro prazer da aventura.
As imagens falam por si. Mas Marcelo associa a cada uma delas pequenos relatos que enriquecem a aventura. É quase como se a gente estivesse junto, remando e sentindo cada trecho do rio.
Rio Coxim, lua crescente...
A aventura começa mil metros acima de um local onde antes havia uma ponte. Hoje, pelo rítimo frenético das pessoas e pelos barracos montados, parece um ponto de garimpo. O carro nos deixa. Volta para Coxim. Já é noite. A lua é cheia. Os pés na areia, um gole de pinga pra aquecer a alma. Amanhã, o dia é cedo. Vai começar a remada.
|
Ponto de partida. |
|
Lua cheia, pés na areia, pinga pra esquentar. |
Rio a baixo...
Remamos uns 30 km, passando em lugares maravilhosos. Não é à toa que se referem ao Coxim como rio cênico. Acampamos numa praia enorme, de areia areia branca e fofa, água rasa. A comida é peixe. Um Pacú de cinco quilos, pescado no molinete, numa corredeira. A fauna é pouca, mas se faz presente entre paredões de arenito e orquídeas, coisa linda. Dia bom, mas cansativo. Tivemos que arrastar as canoas entre as pedras, nas margens do rio, perto da Cachoeira do Areiado. Em torno da fogueira, calado, observo o fogo a consumir o que já teve vida, uma transferência de energia, da terra que alimentou a planta que agora alimenta do fogo e o calor se dissipa em meio a fagulhas e faíscas. Ôooh! pinga boa, meu Deus!
|
Rio a baixo |
|
a beleza da fauna... |
|
entre os paredões de arenito... |
|
Comida pescada no molinete.. |
|
Um pacú de cinco quilos... |
|
corredeiras e pedras.. |
|
banho de cachoeira... |
|
Pacú na brasa, dia encerrado e pinga boa. |
Corredeira dos 4 pés
Chegamos onde planejado, no “Letreiro das Monções” sítio tombado pelo IPHAN, que reúne inscrições que marcam as expedições nos século XVIII e início do XIX. A descoberta foi meio por acaso. Paramos para fazer a portagem. Caminhando pelas pedras para obsevar o rio, encontramos as inscrições. Há tempos queria ver essas marcas nas pedras. Ali dormimos, ao som do Coxim, sem calor, sem mosquitos, sono tranquilo.
|
Rio a baixo, natreza.. |
|
... e o acoso nos faz chegar ao sítio... |
|
...onde encontramos inscrições de antigos navegadores. |
|
Força nos remos... |
|
Um brinde da natureza... |
|
Pausa para o registro, no escuro da barraca. |
Reta final ...
Acordamos cedo, fizemos a transposição de uma corredeira. Seguimos remando, passamos pela Ponte da Matinha, fotografamos um cobra cipó e seguimos até a Barra do Jaúru. Depois que passamos a Corredeira do Campo, já estávamos a 10 km de Coxim, paramos numa praia para assar uma curimba que Tião pegou na tarrafa.
Descemos o rio rodando por um bom tempo, a remada estava no final e a nossa pequena aventura também! Começamos a escutar caminhões na BR 163, as pessoas nas margens eram mais frequentes, assim com lanchas e pescadores. Passamos pela Vila dos Diamantes, nas margens alguns ribeirinhos até tiravam fotos dos remadores incautos. Cruzamos a ponte da BR com uma certa nostalgia, que afogamos no primeiro bar à beira rio, Bar dos Amigos. Três dias remando. Era hora de pensar numa cerveja gelada e ela estava mais perto do que nunca. Mais uma expedição concluída, mais uma remada! As canoas mais arranhadas e a gente maravilhado com o que viu e sentiu.
|
Pernada para vencer as pedras. |
|
A beleza da tarrafa. |
|
Natureza mais do que viva. |
|
A ponte do Rio Coxim, bem de perto. |
|
Mais uma remada concluída. |
Viegas, meu camarada, foi bom navegar aqui de novo !
ResponderExcluirgrande abraço