domingo, 6 de novembro de 2011

Rota das Monções

Marcelo Oliveira
Marcelo Oliveira é um amigo arquiteto, pai de Isadora, de Lina e de Bianca, com quem convivi de perto em Mato Grosso do Sul. Quem o vê pela primeira vez é capaz de enxergar traços nipônicos em sua feição, mas ele faz questão de esclarecer que esses traços decorrem de sua raíz india. Bugre, como ele mesmo gosta de se auto-denominar, numa referência aos índios pantaneiros.

Marcelo é dado aos esportes radicias. Partica voos de parapente e faz canoagem. Mês passado, ele me escreveu contando os detalhes de uma curta e saborosa aventura pelo Rio Coxim, num trecho que ficou conhecido há muito tempo como "Rota das Monções". Ele e mais três amigos desbravaram o rio pelo puro prazer da aventura.

As imagens falam por si. Mas Marcelo associa a cada uma delas pequenos relatos que enriquecem a aventura. É quase como se a gente estivesse junto, remando e sentindo cada trecho do rio.

Rio Coxim, lua crescente...

A aventura começa mil metros acima de um local onde antes havia uma ponte. Hoje, pelo rítimo frenético das pessoas e pelos barracos montados, parece um ponto de garimpo. O carro nos deixa. Volta para Coxim. Já é noite. A lua é cheia. Os pés na areia, um gole de pinga pra aquecer a alma. Amanhã, o dia é cedo. Vai começar a remada.

Ponto de partida.
Lua cheia, pés na areia, pinga pra esquentar.
 Rio a baixo...

Remamos uns 30 km, passando em lugares maravilhosos. Não é à toa que se referem ao Coxim como rio cênico. Acampamos numa praia enorme, de areia areia branca e fofa, água rasa. A comida é peixe. Um Pacú de cinco quilos, pescado no molinete, numa corredeira.  A fauna é pouca, mas se faz presente entre paredões de arenito e orquídeas, coisa linda. Dia bom, mas cansativo. Tivemos que arrastar as canoas entre as pedras, nas margens do rio, perto da Cachoeira do Areiado. Em torno da fogueira,  calado, observo o fogo a consumir o que já teve vida, uma transferência de energia, da terra que alimentou a planta que agora alimenta do fogo e o calor se dissipa em meio a fagulhas e faíscas. Ôooh! pinga boa, meu Deus!

Rio a baixo

a beleza da fauna...

entre os paredões de arenito...

Comida pescada no molinete..

Um pacú de cinco quilos...
corredeiras e pedras..

banho de cachoeira...
Pacú na brasa, dia encerrado e pinga boa.

Corredeira dos 4 pés


Chegamos onde planejado, no “Letreiro das Monções” sítio tombado pelo IPHAN, que reúne inscrições que marcam as expedições nos século XVIII e início do XIX. A descoberta foi meio por acaso. Paramos para fazer a portagem. Caminhando pelas pedras para obsevar o rio, encontramos as inscrições. Há tempos queria ver essas marcas nas pedras. Ali dormimos, ao som do Coxim, sem calor, sem mosquitos, sono tranquilo.

Rio a baixo, natreza..


... e o acoso nos faz chegar ao sítio...


...onde encontramos inscrições de antigos navegadores.


Força nos remos...


Um brinde da natureza...


Pausa para o registro, no escuro da barraca.

Reta final ...

Acordamos cedo, fizemos a transposição de uma corredeira. Seguimos remando, passamos pela Ponte da Matinha, fotografamos um cobra cipó e seguimos até a Barra do Jaúru. Depois que passamos a Corredeira do Campo, já estávamos a 10 km de Coxim, paramos numa praia para assar uma curimba que Tião pegou na tarrafa.

Descemos o rio rodando por um bom tempo, a remada estava no final e a nossa pequena aventura também! Começamos a escutar caminhões na BR 163, as pessoas nas margens eram mais frequentes, assim com lanchas e pescadores. Passamos pela Vila dos Diamantes, nas margens alguns ribeirinhos até tiravam fotos dos remadores incautos. Cruzamos a ponte da BR com uma certa nostalgia, que afogamos no primeiro bar à beira rio, Bar dos Amigos. Três dias remando. Era hora de pensar numa cerveja gelada e ela estava mais perto do que nunca. Mais uma expedição concluída, mais uma remada! As canoas mais arranhadas e a gente maravilhado com o que viu e sentiu.


Pernada para vencer as pedras.

A beleza da tarrafa.

Natureza mais do que viva.

A ponte do Rio Coxim, bem de perto.

Mais uma remada concluída.

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