Não consegui parar de ver. Foram cinco minutos em que a vida deu várias cambalhotas e a cabeça ficou tonta. Inevitável lembrar dos tempos em que eu ouvia meu pai falar de um tal "Flash Gordon". A TV transmitia em preto e branco, imagens de um mundo de maquetes e marionetes que simulavam um futuro distante. Tudo muito fake, se visto com o olhar de hoje. Tudo impressionante quando a gente via com o olhar daquele tempo.
E eu pensava - talvez não viva para ver essas coisas funcionando. Bobagem. Estou aqui, em Brasília, nesse início de Século 21 usando coisas que sequer tive condições de imaginar no passado. E de novo me pego pensando em coisas que me deixam impressionado. Mal alcancei o futuro e ele já se faz distante novamente.
Num futuro próximo tudo o que vai nos restar de relação real será o toque. Tocando em telas alcançaremos o infinito. Um mundo virtual em sua versão mais complexa. Nem o pensamento estará isento de ser alcançado. Num futuro próximo, a intimidade será o toque. Exatamente como começou, na Idade da Pedra. O toque. Lá atrás, para alcançar a realidade. Lá na frente, para invadir o futuro. Num futuro próximo daqui.
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