domingo, 27 de novembro de 2011

short cuts - domingueira

Pra minha irmã

Um dia, eu estava dirigindo pelas ruas de Campo Grande e ouvi uma música nova do Paralamas. Faz muito tempo. Na hora em que ouvi lembrei de minha irmã, Isabel. Hoje, tornei a me lembrar dela.

E ao lembrar, ouvi aquela música na memória. Há alguns dias, vejo a Isa com os olhos tristes. E não a alcanço, senão em pensamento. Mas ela sabe que estou lá, com ela. 

E enquanto as palavras não chegam, demonstro o meu cuidado com a canção da memória. Santorini Blues. Para Isabel. Porque hoje eu pensei nela.


Chove em Brasília

A água lava as ruas e estradas.
Os carros passam. O Planalto Central está úmido.
Úmido é também o pensamento.
A água passa. O pensamento não.
Quanto tempo ainda de água pela frente?
Quanta nuvem de chuva ainda por chover?
A água passa, sem trazer as respostas pro meu dia.
A chuva, o dia, minha alma úmida. E essa estrada que não termina...

O Rio Reno

Lentamente, o barco vencia o Reno. Foi lá que eu vi os castelos mais verdadeiros da minha vida. As águas mansas do Reno se contorcem entre as terras  da Europa, de norte a sul. Nascem nos Alpes Suiços e deságuam no mar do Norte, passando por seis países, entre os quais,  Alemanha e Holanda. Cortam em duas a Europa, carregando de tudo um pouco. De estanho a azeite. De ilusão a deleite. Num frenesi fluvial de deixar tonto.

O que mais encantou meus olhos ao cruzar o Reno numa viagem sem pressa foram os parreirais. Eles sobem montanhas como imensas línguas verdes. Não aceitam limites. E produzem um vinho de altíssima qualidade. Em cada morro, um castelo. Em cada castelo, muitos sonhos. Em cada sonho, um país. Os castelos do Rio Reno se encarregaram de dar realidade aos sonhos que tive em menino. Ao sabor do vinho. Com a força do vento.


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