* Maurilo Andreas
Estava conversando com Madame Carmita Almeida e ela se lembrou de como as pessoas do interior têm mais leveza com a tragédia. No interior, pelo menos em Minas, sempre tem uns casos assim:
- Deca, o Julinho de Neuza levou uma chifrada de vaca e tá todo aberto ali na beira da estrada.
- É mesmo? Noooooossinhora... vou lá ver como é que ele tá.
E pronto, lá se vão as comadres olhar o rapaz agonizante com a maior calma do mundo. É o que eu chamo de dividir o horror.
Sem querer ser preconceituoso (e acho que até já falei disso antes), mas mulheres também têm um pouco disso quando o assunto é comida, por exemplo. Um homem prova algo ruim e, com toda tranquilidade, exclama:
- Essa merda tá estragada, vou jogar essa porra fora.
Já a mulher costuma seguir outra linha:
- Credo, isso tá horrível... prova aqui, amor, para você ver como está péssimo.
Para as mulheres, dividir o horror também é uma prova de carinho.
Maurilo Andreas é mineiro, redator dos bons, com quem trabalhei em Minas Gerais. Ele é o pai da Sophia e também é o cara do blog Pastelzinho.
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