O paradoxo em forma de gente. Quem o vê enxerga ainda, na imagem inusual, um ser distinto, diverso, divergente. Arnaldo Antunes. Ele é mais. É um sujeito carinhoso e tanto. Próximo, mesmo. Capaz de fazer as pessoas invadirem o palco e se agarrarem a ele, sem que isso tenha qualquer coisa de violência ou invasão.
Dono de uma poesia desconsertante, de um falar imagético, ele vai e nos leva aonde for com seus versos quase casuais. Assim, aquele ser estranho e íntimo dominou, na noite de sábado, o palco do Teatro Nacional, com casa cheia e vidrada. Som límpido, luz perfeita.
O sujeito desajeitado é, ao mesmo tempo, exercício de harmonia. Sua voz grave é envolvente e agride quando precisa. Distancia e acolhe com a mesma velocidade. Pois, é isso. Não há muito mais a dizer. Ele veio do punk, quando muita gente estranhava o movimento. E não deixou de ser. E mistura Lupicínio Rodrigues, com Cabeça Dinossauro e Tribalistas. Transita pela MPB como um clássico.
Arnaldo é tudo e mais um pouco. Quem foi, gostou. Gente nova e gente velha, lá. De olhos e ouvidos bem abertos para reverenciar, aplaudir, cantar e dançar como em poucas vezes se viu. Um show justo.Que vale bem mais do que os vinte reais da inteira. Gabriel e Mariana, meus filhos, vocês têm que ir. Com vocês, Arnaldo, o Antunes.
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