quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A vida aos 50

*Por (e para) Mariza Poltronieri


Hoje comemoro quarenta e nove anos e trezentos e sessenta e cinco dias. Trezentos e sessenta e quatro dias, não fosse este ano um ano bissexto. Ainda o ano passado, deram-me a notícia de que não completaria cinquenta anos, afinal há uma promessa de fim de mundo para o dia 21 de dezembro de 2012, então, teimosamente, decidi aniversariar de qualquer jeito.

Passei os dias até aqui fazendo todos os rescaldos, lamentos, críticas e aborrecimentos do que se carrega em “meio Século”. A terapeuta que o diga. Um dia era pra falar da profissão, o que pra mim sempre foi plural, tamanha viralatice de atribuições. Ela me diz “são muitos talentos”, mas isso não convence. Outro dia falo sobre romances, alguns voláteis, outros propositalmente esquecidos, um que fica, mas não anda. Ela me diz “coragem dos românticos”, mas isso também não convence. Daí reclamo do que aparece no espelho - e como aparece. Ela me diz “você tem frescor e cor”. Ai, ai...

Luiz Carlos, D. Olívia, com Paulo Pedro Poltronieri na barriga,  Mariza Poltronieri,
Heloisa Vecchi, Daisa Poltronieri. Lá em 1964!
Passou-se o tempo e eu me vejo como sempre. Os meus olhos são os mesmos de quando criança, de quando adolescente, passeando até aqui.

Ricardo, Valéria, Arthur, Mariza, João Max, Myrian, Inorbel, Eduardo Esteves
Ghyslene, Edna Marcia, Alverina, Carlos Eduardo, Edna Maria.
A turma do Marista de Maringá, PR, 1979.
Comecei a fazer contas. Descobri por exemplo que até este dia, contando treze anos bissextos, estou completando seiscentos meses de vida. Isto me deu medo. Quase duas mil seiscentas e nove semanas. Fiquei sem ar. Dezoito mil duzentos e sessenta e dois dias. Entrei em pânico. É muito número, eu sou muito mais velha e não sabia.

Mariza e seus filhos, Vinícius e Fernanda.
Raciocine comigo. Quando contamos o tempo ele nos fala de um jeito gentil ou escandaloso. Decidi há quatro anos mais ou menos, que teria uma alegria por dia. Eu mesma indicaria este presente diário. Um sorvete num dia quente, a cama com lençol banhado e perfumoso, o filho que ri alto, a amiga que marca um encontro, o trabalho bem feito, lembranças resgatadas entre irmãos, o almoço com minha mãe. Deleites simples de um dia comum. Dias comuns são todos os dias.
Fazendo contas de novo, esta verdade instituída recentemente, forneceu-me até agora um mil quatrocentas e sessenta alegrias. Sem contar as anteriores. Cheguei à seguinte conclusão: A engenharia me ensinou a fazer contas, mas a sensibilidade me salvou.

Mariza Poltronieri
             Depois de contar o tempo, descobri que sou uma mulher com milhares de dias e carinha de alguns anos. Sou uma adorável viajante do tempo. Entre estradas longas ou atalhos, eu vi a paisagem. Descobri também que nos últimos anos tive tantas alegrias contadas, que mesmo o mundo acabando, já estou no paraíso.
Depende do jeito que a gente entende a vida. Viver é muito bom.

Quase aos cinquenta, Mariza ganhou um presente das sobrinhas:
Uma tatuagem que põe na pele...

...o que ela já carrega na alma. O amor pelo tempero e pela vida.

Tim-tim!
* Mariza Poltronieri nasceu em Maringá, há (quase) cinquenta anos. E leva a vida com muita poesia e com os mesmos olhos de criança. Como se a vida fosse uma grande descoberta, que tivesse começado ontem. E eu tenho tido a honra de ter a sua companhia, ainda que distante, nestes anos todos. Feliz aniversário, minha querida amiga!

2 comentários:

  1. Obrigada meu querido. Vc é sempre doce e gentil. Linda homenagem.

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  2. Talento, frescor e cor.....e coragem dos romanticos...utopias tambem.
    Obrigada por me incluir nessa historia....de uma vida tão temperada.
    Mariza, te desejo tantas coisas boas alem das necessarias que talvez nem vc saiba ainda que merece
    meu baitabraço

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